Não é de hoje que o Partido Republicano tenta se ajustar às mudanças demográficas nos Estados Unidos. O apelo do presidente Donald Trump a sua base já consolidada (e de certa forma estagnada), formada sobretudo por homens brancos de meia idade e sem diplomas, coloca ainda mais pressão sobre os planos de expandir seu eleitorado, como acenos a grupos religiosos mais conservadores.
Atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas de opinião para o pleito de 3 de novembro, o mandatário pode ter mais um problema. Uma nova pesquisa do portal político americano Axios e do instituto SurveyMonkey-Tableau revelou que, apesar das divisões políticas entre estados, americanos mais jovens estão rejeitando o conservadorismo, dando vantagem a Biden em 40 dos 50 estados do país. Trump ganharia em cinco, enquanto os outros cinco estados restantes não teriam um vencedor claro na faixa etária.
Nos estados mais disputados nesta eleição — Arizona, Flórida, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin — a liderança de Biden entre eleitores jovens não cai nenhum momento para menos de 18 pontos porcentuais.
Junto a isso, está um impulso ao ex-vice-presidente Biden entre eleitores mais velhos, sobretudo idosos que, em meio à pandemia de Covid-19, depositaram suas esperanças no Partido Democrata. Os votos sêniores (de pessoas com mais de 65 anos), no entanto, não são majoritariamente democratas em uma eleição presidencial desde 1996.
Mas, se eleitores jovens forem às urnas em peso, podem provocar uma avalanche grande o suficiente para trocar os partidos de legisladores em todo o país, inclusive conquistando uma maioria democrata no Senado.
E esse cenário é provável e parte de uma tendência. As eleições de meio de mandato, em 2018, que escolhem alguns parlamentares e governadores de certos estados, registraram um aumento de 20 pontos na participação dos millenials em relação ao pleito de 2014. Dos eleitores com menos de 30 anos, 67% depositaram seus votos em nomes democratas.
De acordo com dados do Censo americano, apenas 46% dos jovens de 18 a 29 anos registrados para votar participaram da última eleição presidencial, que consagrou a vitória de Trump sobre a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. O número é bem menor quando comparado a qualquer outra faixa etária.
Nesta eleição, no entanto, 63% os jovens disseram que “definitivamente” vão votar, segundo uma pesquisa da Universidade Harvard. Ironicamente, os mais novos terão que escolher entre os dois candidatos mais velhos a encabeçarem a disputa presidencial.
fonte:Veja.com - 29/10/2020 16h:48min.
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