O retorno das aulas presenciais na Universidade Federal da Bahia (Ufba), a partir do dia 7 de março, foi aprovado nesta sexta-feira, 12, em reunião do Conselho Universitário (Consuni). O semestre 2022.1 irá até 9 de julho.
Segundo a instituição, somente os professores, técnicos e estudantes com esquema vacinal completo poderão frequentar os espaços da universidade. Na resolução aprovada pelo conselho, porém, não é especificado como será feito o controle para assegurar o acesso somente de pessoas vacinadas. Ainda conforme a universidade, um plano de contingência será publicado em breve pelo Comitê de Acompanhamento da Covid na Ufba.
O uso de máscara será obrigatório mesmo em atividades acadêmicas externas, cabendo aos dirigentes a definição do tipo de máscara para cada atividade, além da necessidade eventual de outros Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Poderão desempenhar atividades de modo remoto os profissionais e estudantes portadores de doença grave, crônica ou imunodeficiência; com vacinação contraindicada por laudo médico; com idade a partir de 60 anos; gestantes; lactantes; pais ou responsáveis por crianças cujas creches/escolas não tenham retomado ou estejam com atividades suspensas; encarregados de cuidar de pessoa que necessite de atenção especial. Além disso, outras condições podem ser consideradas impeditivas de atividade presencial por um comitê de assessoramento da Ufba.
Em algum desses casos, os servidores poderão atuar remotamente, enquanto aos alunos será permitido cursar componentes oferecidos online ou realizar exercícios domiciliares, dentro do limite de oferta dos respectivos departamentos.
O retorno às aulas presenciais divide opiniões. Estudante de Jornalismo, Laís Rocha considera necessária a retomada no modelo tradicional de ensino, com a ressalva de que a pandemia ainda é uma realidade. "Pensando em termos do conteúdo e aprendizado, acho importante retomar, até porque a universidade é um espaço colaborativo, onde se produz. Houve essa adaptação ao online por conta da pandemia, mas acho importante voltar, salientando que precisamos continuar com os cuidados, usando máscara e tentando manter o distanciamento. Tenho a sensação de que há um cansaço muito grande. Tenho vivido dias exaustivos, porque os compromissos presenciais voltaram, mas tem também os online", afirma.
As aulas online, acrescenta a estudante, têm sido um processo de adaptação para os docentes e discentes. "Professores mais antigos têm um perfil desse modo de aprendizado. E sob o ponto de vista técnico, a Ufba não tinha esse hábito de estar nesses ambientes virtuais, com congresso, aula. Acho que aos poucos conseguimos. Alguns professores sim, outros não", aponta Laís.
Já o estudante Ynaiã Leal, do curso de Letras, diz não ser "o mais favorável ao retorno" e enumera os motivos. "Primeiro que, diante do corte de verba, ainda tem muita gente com bolsa atrasada. As políticas de assistência estão em risco. A gente vai voltar para um prédio que vai ter pessoal de limpeza reduzido, sem ar condicionado, num lugar que é conhecidamente quente. Aí entram os agravantes do Buzufba [serviço de transporte pelos campi da universidade], que sinceramente eu já nem sei se ainda vai ter. Rodava com o triplo do limite de pessoas, por baixo, e agora como vai ser? Lembro que no último dia de aula presencial eu ainda peguei o Buzufba lotado. Tem a questão do Restaurante Universitário também, que além de aglomerar, como é? Vai funcionar? Só a fila já aglomera", exemplifica.
Ele diz ainda ter se adaptado bem ao ensino virtual. "Dependendo do quão bem o professor também assimilou essa mudança, a aula é mais ou menos produtiva. Mas também entendo que nem todo mundo tem um espaço ok com um computador e uma internet legal para ver as aulas", observa. "Eu realmente acho que mais um semestre virtual era a medida para voltar com mais estrutura, para não voltar na pressa, atropelando tudo. Porém sei que manter algo hibrido é impossível. A gente vai, com esperança que seja menos pior do que imagina", finaliza Ynaiã.
Coordenador do Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências da Saúde-Ufba, o professor Gúbio Soares afirma que a decisão do Conselho Universitário foi correta. "A medida está dentro do esperado. Todos que vão voltar devem estar vacinados e usando máscara. Já há uma segurança nesse início. Adotando tudo isso, é uma medida razoável", defende. O virologista destaca que, pela idade, poderia ter optado por ficar em casa no período, mas desde o início da pandemia tem atuado na universidade, inclusive com trabalhos relacionados ao coronavírus.
No semestre 2022.1, excepcionalmente, o trancamento de disciplinas poderá ser feito pelos estudantes até 2/3 do semestre e será autorizado ultrapassar o limite de 20% da carga horária total do curso em atividades não presenciais. O semestre também não será contabilizado para fins de tempo máximo de curso.
Assinada pelo reitor João Salles, a portaria destaca que, no ensino, pesquisa e extensão, "nem todos os conteúdos e ações podem ser transpostos para o formato online", o que causa "expressivo represamento da oferta de componentes curriculares, atraso na formação discente e na conclusão de cursos". Além disso, acrescenta o texto, o ensino universitário é "essencialmente presencial", enriquecido com "tecnologias de comunicação e informação para as atividades acadêmicas".
A resolução também cita o avanço na cobertura vacinal, a redução no número de casos e mortes por Covid-19, além da queda na ocupação de leitos de UTI para pacientes adultos com a doença. Ontem, a ocupação era de 34% em Salvador e 36% na Bahia.
O Conselho Universitário voltará a ser convocado em caso de necessidade, conforme a evolução da situação sanitária.
Fonte:atarde c/adaptações 12/11/2021
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