Após ser alvo de deboche do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), por ter sido presa e torturada pelo governo militar durante a ditadura, a jornalista Miriam Leitão trouxe em sua coluna no Jornal O Globo, deste domingo (17/4), áudios do Superior Tribunal Militar que provam a tortura no período (ouça os áudios aqui).
A reportagem traz 10 mil horas de gravações feitas durante os 10 anos em que as sessões
do STM foram gravadas, inclusive as secretas. As sessões ocorreram entre 1975 e 1985.
O historiador Carlos Fico teve acesso a elas e Miriam Leitão publicou os documentos em áudio. Os trechos inéditos mostram os ministros do tribunal falando sobre torturas.
Aborto após tortura
Um das partes transcritas é do dia 24 de junho de 1977. Na ocasião, o general Rodrigo
Octávio Jordão Ramos diz: “Fato mais grave suscita exame, quando alguns réus trazem
aos autos acusações referentes a tortura e sevícias das mais requintadas, inclusive
provocando que uma das acusadas, Nádia Lúcia do Nascimento, abortasse após sofrer
castigos físicos no Codi-DOI.”
Ele conta que o aborto foi provocado por “choques elétricos no aparelho genital”.
Em seguida lê o que disse Nádia. “Deseja ainda esclarecer que estava grávida de
três meses, ao ser presa, tinha receio de perder o filho, o que veio a acontecer no
dia 7 de abril de 1974”.
Além desse relato, a jornalista trouxe à tona o que chamou de “as vozes desse tempo
sombrio”, que foram resgatadas pelo historiador Carlos Fico, titular de História
do Brasil da UFRJ.
Fonte: Metropoles - 17/04/2022 23h:33
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