Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, é empresário e irmão de Ecko, líder da milícia — Foto: Divulgação
O miliciano Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia do
Rio, foi preso neste domingo, véspera de Natal. Segundo a Polícia Federal,
a prisão ocorreu após "tratativas entre os patronos" de Zinho, a PF e a
recém recriada Secretaria de Segurança Pública. O criminoso, que estava
foragido, se apresentou na delegacia, localizada na Superintendência da
PF no Rio.
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo
Cappelli, comemorou a prisão durante a noite, por meio do
X (antigo Twitter). "Parabéns à Polícia Federal!
É trabalho, trabalho e trabalho", disse na publicação.
Quem é Zinho?
Com dez mandados de prisão expedidos em seu nome pelo
Tribunal de Justiça (TJRJ), de acordo com dados do Conselho
Nacional de Justiça e do TJRJ, Luís Antônio da Silva Braga,
o Zinho, é o miliciano mais procurado do Rio de Janeiro.
Sentenças e despachos de magistrados, referentes
a decretações de prisões preventivas do bandido, a
última delas publicada no último dia 15, apontam-no
como chefe do maior grupo paramilitar da Zona Oeste.
Dados de processos revelam ainda que Zinho responde,
entre outras acusações, por ordenar o uso de carros clonados
para localizar e executar rivais, por ser mandante da morte
do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o
Jerominho, apontado pela polícia como um dos fundadores
da milícia, e por determinar o pagamento de propina
a policiais para ser informado de operações.
A lista de crimes inclui ainda um esquema milionário de
lavagem de dinheiro em que Zinho teria usado o nome
da mãe de um comparsa
para movimentar mais de R$ 4 milhões em uma conta
bancária. O dinheiro seria uma pequena parte das
extorsões praticadas pelo grupo criminoso. As informações
constam de um processo que apura crime de organização
criminosa, em trâmite na 1ª Vara Criminal Especializada da Capital.
A mesma investigação menciona a ordem de Zinho para oferecimento
de propina a policiais civis e militares para ser informado sobre
operações para sua captura. Zinho também determinava o uso de carros clonados pelo bando. "Na condição de líder do grupo criminoso,
concorreu eficazmente para a prática de diversos delitos de
receptação, à medida
que, por deter o domínio final dos atos criminosos da malta,
determinou que seus subordinados recebessem, ocultassem
e conduzissem veículos 'clonados', que sabia serem produtos
de crime. Tais veículos eram utilizados pela horda para a
condução das atividades ilícitas inerentes
à existência e à estabilidade do grupo, em especial para
a realização de "levantamentos" de informações de rivais que
seriam por eles eliminados e para a prática de homicídios",
escreveu o magistrado em um dos trechos da decisão.
Já o assassinato de Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho,
vereador no município do Rio entre os anos 2000 e 2008, é
citado em outro processo, da 1ª Vara Criminal da Capital,
que trata de crime de homicídio. No despacho em que decretada
mais uma prisão contra Luís Antônio da Silva Braga,
em setembro de 2023, há a informação de que Zinho
e seu sobrinho Matheus da Silva Rezende, o Tetheus,
seriam os responsáveis pela ordem para executar Jerominho.
O crime teria acontecido, segundo informação que consta
na investigação, por uma suposta disputa de território.
Como Jerominho teria sido um dos fundadores da milícia na
região, Zinho temia que o ex-parlamentar,
que ficou preso por 11 anos e ganhou a liberdade em 2018,
após ser absolvido no último processo que respondia,
tentasse retomar o controle do grupo paramilitar.
O crime aconteceu próximo a um supermercado, em 4 de
agosto de 2022. Na ocasião, um amigo de Jerominho que
o acompanhava também foi baleado. Ele foi socorrido,
mas um mês depois não resistiu aos ferimentos
e morreu em um hospital da Zona Oeste. De acordo com
o processo, as investigações apontaram que o miliciano
Alan Ribeiro Soares, o Nanã e outros dois homens seriam
os executores do crime.
Dois dos acusados de envolvimento no duplo homicídio já
estão mortos. Matheus da Silva Rezende, o Faustão,
sobrinho de Zinho e segundo na hierarquia da quadrilha de
Zinho, foi morto numa troca de tiros com
policiais civis, em 23 de outubro deste ano. Em represália,
o bando incendiou 35 ônibus na Zona Oeste.
já Nanan foi morto em um tiroteio com milicianos rivais no
dia 3 de novembro, em Santa Cruz,
também na Zona Oeste. Ele havia rompido com Zinho e
formado sua própria milícia. Segundo a polícia, Nanan
estava envolvido numa disputa de território com o bando
comandado por seu ex-chefe.
Fonte: ExtraONLINE - 24/12/2023 22H:51
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