Preocupado com o destino das ações penais durante as férias da juíza Gabriela Hardt, então titular da 13ª Vara Federal da Curitiba, procuradores do Ministério Público Federal de Curitiba ofereceram a possibilidade de antecipar minutas de denúncias para ela “já ir apreciando”, antes mesmo que fossem apresentadas.
A oferta consta de mensagens trocadas entre os membros da finada “lava jato”, divulgadas pela CNN. O material serviu para o substituto de Hardt na 13ª Vara Federal, Eduardo Appio, decretar a suspeição da juíza em uma ação contra um empresário.
Essa decisão foi suspensa quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região anulou todos os atos de Appio, decisão posteriormente invalidada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. Com isso, restaurou-se a decisão de Appio.
As mensagens divulgadas pela CNN mostram como membros da autointitulada “força-tarefa” se comunicaram em novembro de 2018, preocupados com a ausência de Gabriela Hardt da 13ª Vara Federal, por conta das férias.
Mais tarde, em 19 de dezembro, Deltan Dallagnol diz que se reuniu com a magistrada e ela cobrou a apresentação de novas denúncias. Segue o diálogo:
Deltan: sem pressão, Gabriela disse sobre as denúncias, ‘poxa não chegou nenhuma ainda…’ Expliquei que estamos trabalhando intensamente e prometi avisar qdo protocoladas.
Jerusa: aproveita e fala pra ela parar de soltar todos os presos.
Deltan: Jan, não entendi bem, mas podemos conversar qdo [quando] quiser. Vou te mandar os laudos inbox, já.
Welter Prr: diz pra ela aproveitar o dia de hoje para fazer as compras de Natal, porque no resto da semana ela vai ter muito que fazer.
Deltan: kkkk, disse isto pra ela: se ajudar, podemos enviar a minuta no estado atual para já ir apreciando. Está quase final. Não sei se vendi o que não temos kkkk, mas mostra uma alternativa, rs.
No mesmo dia, Jerusa Viecili pediu a Dallagnol para mandar as denúncias para Hardt, evitando o plantonista. O chefe da “lava jato” explicou que se reuniu com a juíza e criou uma planilha no Google com os documentos a serem compartilhados, o que permitiria que os interesses do MPF fossem mais rapidamente atendidos.
À CNN, Dallagnol disse que não reconhece a autenticidade das supostas mensagens obtidas criminosamente por hackers e que todas as conversas mantidas foram republicanas e no interesse da função institucional realizada por ele no Ministério Público Federal.
Fonte: Conjur/reprodução 28/12/2023 21h
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