247 - O Supremo Tribunal Federal (STF) revalidou os efeitos de uma decisão do juiz federal Eduardo Appio que apontou conluio da juíza Gabriela Hardt com procuradores que trabalham na Lava Jato. A informação foi publicada nesta terça-feira (26) pela CNN Brasil. A magistrada é aliada de Sergio Moro, atual senador do União Brasil-PR e ex-juiz da operação declarado suspeito pelo STF.
A defesa do empresário Márcio Pinto Magalhães expôs os diálogos. Ex-representante da empresa Trafigura no Brasil, ele foi preso durante uma fase da operação. Ao desenrolar do processo, com diálogos obtidos na Operação Spoofing, a defesa do empresário citou conversas envolvendo o ex-procurador Deltan Dallagnol e demais integrantes do Ministério Público entre 2015 e 2018.
No dia 17 de dezembro de 2015, o chefe da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, demonstrou preocupação com o fato de Gabriela Hardt se ausentar dos processos na 13a Vara Federal de Curitiba durante suas férias.
Em um diálogo com o procurador Diogo Castor de Mattos, Dallagnol escreveu: "Caros, não teremos Moro, nem Gabriela, entre os dias 7 e 19 de janeiro, mas sim, Alessandro, da 14a Vara. Não sei nada sobre ele. Vou pesquisar.”
Diogo responde: “meu Chapa, fique tranquilo. Não acho que ele liberte alguém. Não eh [é] do perfil dele.”Deltan replica: “Então quem que a gente vai prender????”.
Em 2018, um homem identificado como "Paulo" foi citado nos autos – possivelmente era o procurador Paulo Galvão. Ele questiona se deveria marcar uma reunião pessoal com a juíza Gabriela Hardt para deliberar “decisões que continuavam pendentes”, pois a Lava Jato estava passando por uma fase de “menor prestígio”:
Paulo Galvão: “mas olha todo mundo aqui passa por mim e comenta ‘de brincadeira’ que a LJ [Lava Jato] vai acabar… acho bom mostrarem trabalho esse ano ainda!!! Seria o caso de ir conversar com a Gabriela para falar das operações pendentes de decisão? E outra, se deixar arrefecer não terão substituto.”
As irregularidades cometidas por Moro e Dallagnol na Lava Jato ganharam mais repercussão a partir de 2019, quando começaram a ser divulgadas na imprensa nacional e nas redes sociais. De acordo com os diálogos, o ex-juiz Sergio Moro interferia na elaboração de denúncias feitas por procuradores - acusações devem ser feitas por promotores, para, em seguida, o juiz decidir se absolve ou condena a pessoa investigada.
Dallagnol afirmou que "não reconhece a autenticidade das supostas mensagens obtidas criminosamente por hackers, que podem ter sofrido todo tipo de edição, alteração e deturpação e cuja imprestabilidade foi atestada em laudo técnico pela Polícia Federal". "Todas as conversas mantidas entre Deltan Dallagnol e outras autoridades sempre foram republicanas e no interesse da função institucional realizada por ele no Ministério Público Federal".
Fonte: BRASIL 247 - 26/12/2023
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