Tenente-brigadeiro Baptista Junior foi achincalhado por colegas golpistas de farda, sobretudo pelo general Braga Netto, por não ter topado virada de mesa. foto:reprodução
O tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, esteve na última semana na sede da Polícia Federal em Brasília e prestou um depoimento sobre a tentativa de golpe de Estado tramada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), sem alardes, que teria um conteúdo “explosivo”.
O militar não embarcou na intentona golpista e, por isso, acabou virando alvo de perseguições e ataques por parte de outros oficiais-generais que endossavam a iniciativa criminosa, sobretudo do general Walter Braga Netto, que o chamou de “traidor da pátria” e “bundão” em mensagens de WhatsApp interceptadas pelos investigadores, inclusive instigando um levante contra ele e sua família.
Segundo a coluna Radar, da revista Veja, o depoimento teria sido longo, revelador de fatos até então desconhecidos, o que teria feito com que um dos agentes envolvidos nas diligências do inquérito disse que “vem mais operações por aí”.
A situação do tenente-brigadeiro não é difícil como a de outros integrantes do antigo governo que tentaram invalidar a vitória de Lula (PT) nas urnas, mas também não é das mais confortáveis. Embora tenha ficado claro na delação do tenente-coronel Mauro Cesar Cid, em outros depoimentos e com as provas juntadas até agora que Baptista Junior se negou a embarcar no golpe, o fato dele ter assinado um comunicado, junto com os então chefes do Exército e da Marinha, afirmando um “compromisso irrestrito e inabalável com o povo brasileiro” e o “direito à livre manifestação do pensamento” à época dos acampamentos extremistas nas portas de quartéis de todo o país, defendendo indiretamente o movimento golpista, por complicá-lo.
Após a Operação Tempus Veritatis, no início deste mês, quando os mais altos oficiais do governo Bolsonaro tiveram suas casas invadidas pela PF nas primeiras horas da manhã para cumprimento de mandados de busca e apreensão, Baptista Junior mostrou nas redes como está furioso com o ataque de seus antigos pares, dando pistas de que poderia até colaborar para a responsabilização dos golpistas.
“A ambição derrota o caráter dos fracos. Aliás… revela... Já tendo passado dos 60 anos, não tenho mais o direito de me iludir com o ser humano, nem mesmo aqueles que julgava amigos e foram derrotados pelas suas ambições”, escreveu no seu perfil na rede ‘X’ (antigo Twitter).
Fonte: Revista Fórum - 23/02/2024
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