foto:reprodução/Créditos: Rede X
Alvo de prisão pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul após ser vítima de tentativa de homicídio por um homem branco, o motoboy negro Everton Henrique Goandete da Silva gravou um vídeo em que explica a abordagem dos policiais no caso, que viralizou nas redes neste sábado (17).
Após deixar a delegacia, o motoboy explicou à rádio gaúcha o motivo alegado pelo homem, que não teve a identidade revelada até o momento, para desferir uma facada nele.
"Ele não gosta desse volume de motoboys concentrado na frente do prédio. E tentou me matar. Ele me esfaqueou. Chamamos a polícia e o brigadiano foi ignorante", afirmou o rapaz à rádio.
Em vídeo, Everton afirma que esperava um pedido pelo WhatsApp, quando foi abordado pelo homem.
"Estou sentado e chega um cidadão que é cliente da casa à frente de onde eu estava com uma faca e me desferiu um golpe no meu pescoço. Chamamos a Brigada, que não soube chegar conversando normal. Ai eu conversei do mesmo jeito que eles estavam conversando. Me agrediram e fui para a delegacia. E o cidadão se encontra na rua, tranquilo", diz.
Racismo
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, se pronunciou na manhã deste domingo (18) sobre a prisão do motoboy negro pela Brigada Militar.
Almeida afirmou que o caso "demonstra, mais uma vez, a forma como o racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes" e anunciou ação conjunta com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
"É preciso que as instituições passem a analisar de forma crítica o seu modo de funcionamento e aceitar que em uma sociedade em que o racismo é estrutural, medidas consistentes e constantes no campo da formação e das práticas de governança antirracista devem ser adotadas. Em outras palavras, é preciso aceitar críticas e passar a adotar medidas sérias de combate ao racismo em nível institucional", diz o ministro.
"Conversei com a Ministra Anielle Franco e entraremos em contato com as autoridades gaúchas para acompanhar o caso e ajudar na construção de políticas de maior alcance", emendou.
Anielle Franco também se pronunciou sobre o caso e disse que "as imagens causaram revolta, com razão, pelos indícios de racismo institucional".
"Nossa equipe buscará, junto ao Ministério da Justiça e Ministério dos Direitos Humanos acompanhar os desdobramentos das investigações. Prestamos nossa solidariedade e apoio à equipe do mandato do vereador Matheus Gomes, que visibilizou o caso e acompanha a vítima no estado".
O deputado estadual Matheus Gomes (PSOL-RS) afirmou que acionou seus advogados para acompanharem o caso.
"O homem negro, agredido pelo senhor branco e sem camisa, denunciou o caso para os policiais. Mas, no meio da situação, foi preso por ‘resistência’. Sei como é, até por que já ocorreu comigo. É um absurdo, mas é o racismo que ainda impera na Brigada Militar! Estou em contato com advogados, além de pessoas que acompanharam tudo e estão no Palácio da Polícia como testemunhas da vítima”, publicou.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), se manifestou sobre o caso e afirmou que determinou, via Corregedoria da Brigada Militar, a "abertura de sindicância para ouvir imediatamente testemunhas e apurar as circunstâncias da ocorrência, com a mais absoluta celeridade". O governador também disse que reforça sua absoluta confiança na Brigada Militar e nos homens e mulheres que compõem nossas forças de segurança".
Fonte: Revista Fórum - 18/02/2024
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