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Enquanto a Câmara dos Deputados (aqui do Brasil) se empenhava em articular e aprovar medidas de socorro ao Rio Grande do Sul na terça-feira (07/05), alguns congressistas brasileiros alinhados à extrema-direita estavam em Washington, nos Estados Unidos, para participar de uma audiência no Congresso americano.
Na sessão, que discutia o Brasil, três dos quatro palestrantes afirmaram que o país enfrenta violações da liberdade de expressão semelhantes às de uma ditadura. Entre os presentes na plateia estavam Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO), Filipe Barros (PL-PR), Eduardo Girão (Novo-CE) e Nikolas Ferreira (PL-MG), além do foragido da Justiça brasileira Allan dos Santos, o influenciador Rodrigo Constantino e o deputado cassado Deltan Dallagnol.
Nenhum dos congressistas demonstrou constrangimento por estar ao lado de Allan dos Santos, condenado a um ano e sete meses de prisão por calúnia e foragido da Justiça desde 2021 no contexto do inquérito das Fake News. Os Estados Unidos se recusaram a extraditar o influenciador porque o delito é considerado crime de opinião, protegido pelo direito à liberdade de expressão no país.
Durante a sessão, Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente e ditador João Figueiredo, foi questionado se repudiava a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), mas optou por não responder.
Paulo Figueiredo está sob investigação da Polícia Federal (PF) e foi apontado como um agente de “desinformação golpista e antidemocrática” relacionada ao 8 de Janeiro. Segundo mensagens obtidas no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Figueiredo usava sua posição como comentarista na Jovem Pan para incentivar militares a uma tentativa de golpe.
Rodrigo Constantino também está sob investigação no inquérito das Fake News. O economista, que também foi comentarista da Jovem Pan, foi demitido após o Ministério Público Federal abrir uma investigação sobre a conduta da emissora no contexto do ataque às sedes dos Três Poderes.
Enquanto participavam da sessão no Congresso dos EUA, os congressistas bolsonaristas abasteciam suas redes sociais com vídeos e selfies, descrevendo a audiência como um sucesso: “deputados americanos chocados com a perseguição à livre opinião no Brasil”, escreveu o senador Eduardo Girão.
Entretanto, a sessão foi marcada por desinformação. A deputada republicana Maria Salazar chegou a mostrar uma foto do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, sugerindo que ele seria um “fantoche” do presidente “socialista” Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ela foi rebatida pelo professor de estudos brasileiros da Universidade de Oklahoma, Fábio de Sá e Silva, que apresentou uma foto de Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar, evidenciando as atrocidades desse regime.
“Isso é o que acontecia com jornalistas brasileiros na ditadura”, destacou Fábio de Sá e Silva.
Fonte: BLOG DO NOBLAT - 08/05/2024
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