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O governo de Israel decidiu fechar os escritórios da emissora árabe Al Jazeera em seu território, além de confiscar bens e impedir o acesso aos sites da empresa.
A decisão foi anunciada no X pelo ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, e vale para as versões da emissora em árabe e inglês.
A Jazeera era a única janela não ocidental para os acontecimentos em Gaza, com correspondentes trabalhando de forma independente em território palestino ocupado.
Para assumir controle do fluxo de informações sobre o que acontece na faixa, Israel já havia banido a emissora libanesa Al-Mayadeen.
O governo de Benjamin Netanyahu passou a oferecer à mídia ocidental acesso às operações militares no mesmo esquema do Pentágono, o chamado embedded journalism, em que repórteres viajam e estão sob controle de um dos lados do conflito.
Além disso, segundo o Comitê para a Proteção de Jornalistas, até o dia 3 de maio:
97 jornalistas e trabalhadores da mídia foram mortos: 92 palestinos, 2 israelenses e 3 libaneses; 16 jornalistas ficaram feridos; 4 jornalistas foram dados como desaparecidos; 25 jornalistas foram presos; houve múltiplas agressões, ameaças, ataques cibernéticos, censura e assassinatos de familiares.
"ÚNICA DEMOCRACIA"
O repórter Imran Khan, que trabalha para a emissora em Jerusalém, informou:
O site [da Al Jazeera] agora está inacessível. Eles também estão proibindo qualquer dispositivo usado para fornecer conteúdo que inclua meu telefone celular. Se eu usar o celular para qualquer tipo de coleta de notícias, os israelenses poderão simplesmente confiscá-lo.
Israel se vende como a única democracia do Oriente Médio.
A Al Jazeera, financiada pelo governo do Qatar, foi montada seguindo os padrões da emissora pública britânica BBC.
A decisão de banir a emissora havia sido aprovada pelo Parlamento de Israel e foi confirmada neste domingo, 5, por voto unânime do gabinete de Benjamin Netanyahu.
Ela vale por 45 dias, renováveis.
Prevê o confisco de bens usados pelos funcionários da emissora, com exceção de telefones e computadores pessoais.
Ao longo da guerra contra o Hamas, Israel já derrubou várias vezes as comunicações em Gaza, inclusive as redes de telefonia celular, limitando com isso a disseminação de imagens gravadas pelos próprios palestinos nas redes sociais.
No recém-divulgado índice mundial da liberdade de imprensa, compilado pelos Repórteres Sem Fronteiras, Israel aparece na posição 101, enquanto a Palestina representada pelo governo de Mahmoud Abbas ocupa a posição 157.
O banimento da Al Jazeera é visto como concessão de Netanyahu aos partidos de extrema-direita religiosa que compõem o governo, descontentes com a possibilidade de que Israel aceite um cessar-fogo com o Hamas.
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