O presidente Donald Trump admitiu neste domingo (2) que os americanos podem sentir as consequências econômicas das tarifas impostas a outros países, mas insistiu que "o preço valerá a pena" para proteger os interesses dos Estados Unidos.
"Haverá alguma dor? Sim, talvez (e talvez não!)", escreveu Trump escreveu em letras maiúsculas em sua plataforma Truth Social, um dia após assinar um decreto que impõe tarifas de importação de 25% para México e Canadá, e de 10% adicionais às tarifas já existentes para os produtos da China.
"Mas nós vamos fazer os Estados Unidos grandes de novo, e valerá a pena o preço que devemos pagar", acrescentou.
Diante das tarifas, que devem entrar em vigor na terça-feira, os três países prometeram adotar represálias. Ao mesmo tempo, analistas alertam que uma guerra comercial pode desacelerar o crescimento dos Estados Unidos e elevar os preços ao consumidor a curto prazo.
Antes da posse, Trump já insistia que os três principais parceiros comerciais de Washington não adotavam medidas suficientes para frear a migração irregular e o tráfico de drogas para os Estados Unidos. Ele aplicou, portanto, as tarifas como medida de pressão.
A Casa Branca anunciou a imposição de tarifas ao México até que o país "coopere com os Estados Unidos na luta contra as drogas", porque considera que os cartéis mexicanos "são os principais traficantes mundiais de fentanil, metanfetamina e outras drogas" para seu território.
Washington até mesmo acusou o governo mexicano de manter "uma aliança" com grupos narcotraficantes e oferecer-lhes "refúgios seguros".
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, pediu ao seu ministro da Economia, Marcelo Ebrard, que, como resposta, "implemente o plano B", que inclui possíveis "medidas tarifárias".
Neste domingo, a mandatária de esquerda afirmou em um vídeo no X que na segunda-feira dará detalhes sobre essas represálias e disse esperar a resposta de Trump à sua proposta de formar uma mesa de trabalho sobre migração e narcotráfico.
"Acusar o governo do México de ser aliado do narcotráfico é, além de uma ofensa ao nosso país, um pretexto para distrair a opinião pública dos Estados Unidos do tremendo erro de impor tarifas disruptivas ao México e às empresas norte-americanas", declarou Ebrard também no X.
- Canadá e China -
Em uma aparente tentativa de limitar o aumento nos preços dos combustíveis e da energia elétrica, Trump estabeleceu uma tarifa de apenas 10% para as importações de energia do Canadá.
Em outra mensagem, Trump voltou a expressar seu desejo de que o Canadá vire um estado dos Estados Unidos, elevando a tensão com um de seus aliados mais próximos.
Estados Unidos pagam "centenas de bilhões de dólares para SUBSIDIAR o Canadá", escreveu Trump em uma aparente referência ao déficit comercial do país com a nação vizinha.
"Sem o subsídio massivo, o Canadá deixa de existir como um país viável. Portanto, o Canadá deveria se tornar nosso querido 51º estado", acrescentou.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou no sábado que responderia com tarifas de 25% sobre produtos selecionados dos Estados Unidos avaliados em 106 bilhões de dólares, em uma primeira rodada de medidas a partir de terça-feira, seguida por uma segunda fase dentro de três semanas.
Governadores de várias províncias canadenses também anunciaram ações de retaliação, incluindo a suspensão imediata de compras de bebidas alcoólicas dos Estados Unidos.
Neste domingo, uma fonte do governo canadense afirmou que o Canadá apresentará uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) devido à "violação dos compromissos comerciais" dos Estados Unidos e do tratado T-MEC, que inclui o México.
Ottawa também apresentará um recurso no âmbito do T-MEC.
Enquanto isso, a China declarou neste domingo que se "opõe firmemente" às novas taxas impostas e prometeu tomar "contramedidas", incluindo também um recurso contra Washington na OMC.
"A China espera que os Estados Unidos observem e enfrentem de forma objetiva e racional seus próprios problemas, como o do fentanil, em vez de ameaçar constantemente outros países com tarifas", disse o Ministério do Comércio Exterior de Pequim.
- "Esses dias acabaram" -
Na sexta-feira, o conselho editorial dol The Wall Street Journal (de tendência de direita) criticou Trump em um artigo com o título "A guerra comercial mais idiota da história", no qual afirma que os "consumidores americanos sentirão o impacto dos preços mais elevados de alguns produtos".
Trump respondeu neste domingo: "O 'lobby tarifário', liderado pelo globalista e sempre equivocado Wall Street Journal, está trabalhando duro para justificar... décadas de FRAUDE CONTRA OS ESTADOS UNIDOS, tanto em relação ao COMÉRCIO, CRIME E DROGAS VENENOSAS".
Para o presidente republicano, o déficit comercial dos Estados Unidos é um sinal de que outros países tiram vantagem de Washington.
"ESSES DIAS ACABARAM!", escreveu na Truth Social.
O republicano também ameaçou adotar ações similares contra a União Europeia, que neste domingo "lamentou" as tarifas contra Canadá, México e China.
"A UE está firmemente convencida de que tarifas baixas promovem o crescimento e a estabilidade econômica, mas responderá com firmeza se tarifas injustas forem aplicadas", alertou a Comissão Europeia.
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Fonte: AFP/reprodução -02/02/2025
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