O governo de Israel ordenou nesta segunda-feira (03/11) a prisão da ex-procuradora-geral das Forças Armadas, Yifat Tomer-Yerushalmi, em meio a um inquérito que investiga o vazamento de um vídeo no qual é possível ver um grupo de soldados israelenses realizando um estupro coletivo contra um refém palestino.
Segundo o jornal The Times of Israel, Tomer-Yerushalmi havia renunciado ao cargo de procuradora-militar na última sexta-feira (31/10), devido a pressões que sofria na tentativa de “combater a falsa propaganda dirigida a autoridades militares” do país.
“As Forças de Israel são um exército moral e que respeita a lei e, portanto, mesmo durante uma guerra dolorosa e prolongada, devem investigar atos ilegais”, disse a agora ex-procuradora em sua carta.
Ex-procuradora-geral do exército israelense, Yifat Tomer-Yeroushalmi, foi presa após o vazamento de um vídeo, em 2024, que mostra abusos cometidos contra um prisioneiro palestino
Wikimedia Commons/IDF Spokesperson’s Unit.
Suposto suicídio forjado
Outro elemento estranho na história da ex-procuradora Tomer-Yerushalmi é que, após a divulgação da carta, ela chegou a passar algumas horas desaparecida durante o último domingo (02/11), também segundo o jornal The Times of Israel.
A imprensa local afirma que ela teria tentado forjar uma tentativa de suicídio, em ação na qual também buscou se livrar de evidências que comprovariam sua ligação com outros crimes contra a segurança de Israel.
O The Times of Israel afirma que ela foi hospitalizada após ser encontrada e que, em seguida, foi levada a uma “cela de segurança reforçada”, onde se encontra “em boas condições de saúde”.
O vídeo
O caso veio à tona em agosto de 2024, quando diversos meios de imprensa difundiram um vídeo gravado por uma câmera de vigilância da prisão militar de Sde Teiman, no sul de Israel, local que ostenta a fama de ser um dos mais brutais centros de tortura do país contra reféns palestinos.
Um dos principais líderes do movimento em favor dos estupradores foi o ministro da Segurança, Itamar Ben-Gvir, que em várias declarações públicas se referiu aos soldados como “heróis nacionais”, especialmente Meir Bem Shatrit, que passou a ser tratado como uma figura altamente popular em Israel.
Ben-Gvir também defendeu que “não se deve descartar nenhum tipo de ação” contra palestinos presos por Israel.
O discurso é similar ao do parlamentar Hanoch Milwidsky, do partido Likud (o mesmo do premiê Benjamin Netanyahu), que justificou a prática de violações a reféns palestinos usando um bastão.
Já o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, foi quem liderou a pressão para que se iniciasse uma investigação não contra os autores dos crimes, mas sim contra os que vazaram o vídeo à imprensa, alegando que a revelação das imagens “foi uma clara tentativa de prejudicar a imagem do país e dos nossos soldados, e que portanto deve ser punida com toda a severidade da lei”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reforçou a campanha de Smotrich, ignorando o crime cometido pelos soldados e argumentando que o principal tema relacionado ao caso seria o que classificou como “o pior ataque propagandístico já sofrido por Israel desde a sua fundação”.
Com informações do The Times of Israel.
Nas imagens, é possível ver um grupo de soldados israelenses levando um refém palestino a um local do galpão. Três dos soldados utilizam um escudo para formar uma barreira ao redor da vítima enquanto os demais o violentam sexualmente.
À época, a imprensa local relatou que a vítima, identificada como um civil residente da Faixa de Gaza, foi internada em um hospital de campanha com lesões anais e intestinais graves e com algumas costelas quebradas.
O vídeo com o registro do crime contra o refém palestino está no tuíte abaixo (ATENÇÃO: CONTÉM CENAS FORTES):
Estupradores tratados como heróis
Meses depois, cinco soldados do grupo envolvido no crime foram processados judicialmente pelo caso. Contudo, a ação iniciada a partir da divulgação do vídeo gerou uma forte comoção nacional, não de repúdio ao crime, e sim em defesa dos autores do estupro coletivo, incluindo manifestações nas ruas para defender o fim das investigações e a absolvição dos soldados envolvidos.
Fonte:OperaMundi Com informações do The Times of Israel. 05/11/2025
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