A segunda fase operação Copia e Cola, da Polícia Federal (PF), que apura desvios na área da saúde em Sorocaba, no interior de São Paulo, prendeu, nesta quinta-feira (6/11), o pastor Josivaldo Batista, da igreja Templo Gloria e Renovo de Deus. Ele é concunhado do prefeito afastado de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), e era investigado desde a primeira fase da operação, em abril deste ano.
A prisão foi confirmada ao Metrópoles por um policial. O pastor é casado com a cunhada de Manga, a também pastora Simone de Souza. Em abril, a PF encontrou cerca de R$ 863 mil em espécie em um endereço ligado aos religiosos. Movimentações suspeitas envolvendo a igreja do casal, que tem duas sedes em São Paulo, teriam chamado a atenção dos investigadores.
Na manhã desta quinta, a página do pastor no Instagram publicou uma foto do casal acompanhada de um texto em que diz que “tempestades vêm para todos”.
“Em um relacionamento, não é a ausência de lutas que revela maturidade, e sim a forma como o casal escolhe atravessá-las. As tempestades vêm para todos, mas aqueles que caminham de mãos dadas, guiados pela Palavra e sustentados pela oração, permanecem firmes”, diz o post, que não menciona a prisão do pastor.
Empresário preso
A operação desta quinta também prendeu o empresário Marco Silva Mott, amigo de infância de Manga. Na casa dele, foram apreendidos dinheiro vivo e uma coleção de relógios.
Em nota, a defesa do empresário afirmou que a prisão é uma “medida desnecessária” e que Mott sempre esteve à disposição das autoridades. “O decreto judicial de prisão deu-se em virtude de conjecturas e suposições da Polícia Judiciária. A defesa irá esclarecer os equívocos”, afirmam na nota os advogados Antonio Pitombo e Beatriz de Oliveira Ferraro Caloi.
Operação da PF
- A operação da PF investiga irregularidades em contratos da saúde da Prefeitura de Sorocaba.
- Dois mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).
- Além dos mandados, a Justiça também determinou o sequestro e a indisponibilidade de bens de investigados, no valor aproximado de R$ 6,5 milhões, e a aplicação de medidas cautelares como suspensão de função pública e proibição de contato com determinadas pessoas.
- Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal.
- O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) foi afastado do cargo.
- No lugar dele, assume agora o vice Fernando Costa Neto (PSD). Nas redes, Manga publicou um vídeo dizendo que “não vai desistir de Sorocaba”.
- A ação desta quinta-feira é um desdobramento da primeira fase da Operação Copia e Cola, deflagrada em abril deste ano, com o objetivo desarticular uma organização suspeita de desvios de recursos públicos na área da saúde por meio de contrato emergencial e termo de convênio destinados à gestão de unidades de saúde.
- Segundo a PF, a análise do material apreendido na primeira fase da operação permitiu identificar novas pessoas físicas e jurídicas supostamente envolvidas no esquema, que são alvos das diligências realizadas nesta quinta.
Em nota sobre seu afastamento, a defesa de Manga diz que está adotando as medidas jurídicas cabíveis para “corrigir e reformar” o que chamou de ilegalidade. O texto afirma que a investigação da Polícia Federal de Sorocaba foi iniciada de forma ilegal e conduzida por autoridade “manifestamente incompetente”, sendo, portanto, nula.
“Além disso, é fruto de perseguição política, não havendo nada de concreto a relacionar o prefeito nesse inquérito policial. Ademais, indiscutivelmente temerário o afastamento do prefeito baseado em ilações sobre supostas irregularidades investigadas. Os supostos fatos remontam ao ano de 2021, o que demonstra a ausência de qualquer contemporaneidade capaz de colocar em risco a continuidade do exercício do legítimo mandato do chefe do Executivo Municipal”, diz a nota, assinada pelos advogados Daniel Bialski, Bruno Garcia Borragine, André Mendonça Bialski, Flávia Maria Ebaid, Julia Zonzini e Victória Lee.
Buscas na casa do prefeito
Em abril, além da sede da Prefeitura de Sorocaba, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos). O ex-secretário municipal de Saúde Vinicius Rodrigues também foi alvo de buscas da PF.
De acordo com a PF, a investigação teve início no ano de 2022, após suspeitas de fraudes na contratação de uma Organização Social para administrar, operacionalizar e executar ações e serviços de saúde no município de Sorocaba.
Foram identificados atos de lavagem de dinheiro, por meio de depósitos em espécie, pagamento de boletos e negociações imobiliárias.
Também foi determinado o sequestro de bens e valores no total de até R$ 20 milhões e a proibição da Organização Social (OS) investigada de contratar com o poder público.
Na época, em nota, o prefeito Rodrigo Manga disse que “a operação acontece em um momento de grande projeção da cidade e do nome do prefeito Rodrigo Manga no cenário nacional”.
Em outra nota, a defesa de Manga afirma que não há elementos que relacionem o prefeito a atos ilícitos e diz que a PF “tenta proceder a ilegal ‘pesca probatória’ para investigar a pessoa, o que é vedado por nossa legislação. A defesa vê tal ato com enorme preocupação, justamente porque não se pode permitir que se faça uso político de nossa força policial, induzindo o Poder Judiciário em erro”.
FONTE: METRÓPOLES - 08/11/2025












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