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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em entrevista à revista Veja, não descartou o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido).
Para ele, o momento é de buscar soluções para a pandemia do coronavírus, mas "só o tempo dirá as consequências" das atitudes de Bolsonaro.
"Não posso falar em tese, já que essa é uma decisão que passa pela presidência da Câmara, mas acho que esse assunto não está na ordem do dia. A ordem do dia é resolver os problemas. Se focarmos o impeachment, estaremos atendendo ao interesse do próprio presidente, que quer levar a discussão para o ringue da política, e não para o caminho das decisões que vão salvar a vida, o emprego e a renda dos brasileiros mais vulneráveis. O que ele quer é o campo político de conflito", afirmou Maia.
Ele completou: "O presidente até agora não assinou nenhum documento divergente da posição do Ministério da Saúde. A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com recurso contra a decisão do ministro do Supremo Alexandre de Moraes (que reconheceu a autonomia de estados e municípios para baixar medidas restritivas). O recurso da AGU está no mundo da legalidade, de respeito às instituições. Do ponto de vista formal, pelo menos por enquanto, não há ato do presidente que divirja do ministério e da Organização Mundial da Saúde. Agora, é um dado da realidade que as idas dele às ruas têm estimulado as pessoas a participar de aglomerações. Só o tempo dirá as consequências disso".
Na entrevista, Maia também não poupou críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que, na visão dele, "não é sério".
"Toda vez que você diverge, como ocorreu em relação ao Ministério da Economia, o governo parte para o ataque. Em vez de fazerem um debate transparente e sério, o ministro (Paulo Guedes) e sua equipe passam informações falsas à sociedade em relação ao que deve ser a crise de estados e municípios nos próximos meses. Da forma como Guedes faz, a impressão que dá é que ele quer impor a posição dele — e, numa democracia, isso não existe. Tínhamos uma proposta de como ajudar estados e municípios, fomos convencidos de que parte dela estava equivocada, mudamos o texto e aprovamos uma versão muito equilibrada. Chegou a ponto de ele dizer que o impacto do projeto pode ser de 285 bilhões de reais. Sabe o que significa? Queda de 100% na arrecadação do ICMS e do ISS. Se ele acha que pode ser isso, o que não será nunca, está dizendo que a crise é muito mais grave do que estamos imaginando. Ou seja: ele não é sério. Se fosse sério, não tentaria misturar a cabeça das pessoas", disse.
Para Maia, com a pandemia, o presidente perdeu apoio.
"A impressão que tenho é que o presidente vem perdendo apoio porque o diagnóstico dele sobre a pandemia diverge do da maior parte da sociedade", concluiu.
A entrevista completa está aqui.
fonte:Conversa Afiada - 17/04/2020
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