O adolescente de 16 anos que atacou duas escolas em Aracruz, no interior capixaba, matando ao menos quatro pessoas, disse em depoimento à polícia que se preparou para o atentado assistindo a vídeos na internet. A Polícia Civil do Espírito Santo quer saber se essa versão é verdadeira ou se ele teve treinamento guiado por algum cúmplice dos crimes.
O adolescente é filho de um policial militar, e a tática utilizada pelo jovem nos ataques chamou a atenção dos investigadores. Para entrar na primeira escola, onde abriu fogo contra professores, o adolescente fez o que policiais chamam de "entrada tática", que levou em conta um ponto estratégico do imóvel. Ele arrombou um cadeado em um dos portões da escola, segundo a investigação, com um alicate especial do mesmo tipo usado pela própria polícia em operações.
A partir desta segunda-feira (28) a polícia deve ouvir os pais do atirador, outros parentes e diretores de escola. A intenção é entender a relação dele com a família e com a comunidade e traçar um perfil psicológico.
Os investigadores também podem pedir perícias para determinar se ele tem algum distúrbio psiquiátrico. Segundo a família disse à polícia, ele fazia um tratamento psicológico.
Uma autorização para acessar dados do celular e de computadores usados pelo jovem detido deve ser solicitada aos pais, o que agilizaria o andamento da investigação. Caso contrário, será necessário esperar decisão da Justiça.
Durante o ataque adolescente usava dois emblemas com a suástica nazista desenhada à mão. Um deles estava em um pedaço de papelão pintado de vermelho, e o outro, colado com velcro na roupa camuflada.
Duas mulheres, de 52 e 45 anos, estão na UTI do Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, em Serra, na região metropolitana de Vitória. Uma mulher de 58 anos passou por cirurgia no Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas e tem o quadro de saúde estável.
DIÁLOGO
Para mapear eventuais grupos extremistas que tenham ligação com o crime, a Polícia Civil do Espírito Santo deve acionar corporações de outros estados e a Polícia Federal para troca de informações. A intenção é descobrir se há investigações em andamento sobre organizações que promovam discurso de ódio e incentivem ataques como o de Aracruz.
Em setembro, a polícia prendeu um homem em Vitória que mantinha contato com um estudante que fez um ataque a escola semelhante na cidade de Barreiras, na Bahia, que deixou uma pessoa morta.
Apesar de o atirador do novo ataque ter afirmado em depoimento ser vítima de bullying, a polícia não acredita que esse detalhe seja conclusivo, e a motivação ainda é investigada.
Fonte: FOLHAPRESS - 27/11/2022 - 23h:25
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