247 - O presidente da Câmara dos Comuns do Canadá, Anthony Rota, apresentou um pedido de desculpas no domingo (24) após afirmar que tomou conhecimento de que o homem que ele homenageou durante uma visita da delegação da Ucrânia serviu em uma unidade militar nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Segundo o Washington Post, Rota homenageou Yaroslav Hunka, de 98 anos, de North Bay, Ontário, na sexta-feira (22), durante a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy ao país. Após o discurso de Zelenski ao Parlamento, no qual agradeceu ao Canadá pelo seu apoio na guerra da Ucrânia contra a Rússia, Rota apresentou Hunka como um herói de guerra “que lutou [pela] independência da Ucrânia contra os russos e continua a apoiar as tropas hoje”.
“Ele é um herói ucraniano, um herói canadense, e lhe agradecemos por todo o seu serviço”, disse Rota. Mas no domingo, grupos judeus condenaram a homenagem e afirmaram que Hunka tinha sido membro de uma unidade Waffen-SS, composta por ucranianos étnicos. A Waffen-SS foi criada por Heinrich Himmler, um dos principais membros do Partido Nazista na Alemanha, e esteve envolvida em tiroteios em massa, guerra antipartidária e fornecimento de guardas para campos de concentração nazistas.
“O fato de um veterano que serviu numa unidade militar nazista ter sido convidado e aplaudido de pé no Parlamento é chocante”, afirmou o Centro de Estudos do Holocausto Amigos de Simon Wiesenthal, de acordo com a reportagem. “Numa época de crescente antissemitismo e distorção do Holocausto, é incrivelmente perturbador ver o Parlamento do Canadá levantar-se para aplaudir um indivíduo que era membro de uma unidade da Waffen-SS, um ramo militar nazista responsável pelo assassinato de judeus e outros e que foi declarada uma organização criminosa durante os Julgamentos de Nuremberg”.
O Centro Amigos de Simon Wiesenthal também exigiu u pedido de desculpas e explicações sobre como Hunka foi convidado para o Parlamento canadense. Pouco depois, Rota se desculpou dizendo que aceita “total responsabilidade” pelo episódio.
“Nos meus comentários após o discurso do presidente da Ucrânia, homenageei um indivíduo na galeria. Posteriormente, tomei conhecimento de mais informações que me fazem lamentar a minha decisão de fazer isto”, disse Rota por meio de num comunicado. “Quero particularmente estender as minhas mais profundas desculpas às comunidades judaicas no Canadá e em todo o mundo. Aceito total responsabilidade pelas minhas ações”, ressaltou.
Ainda de acordo com o periódico, Rota acrescentou que nenhum dos seus colegas parlamentares ou membros da delegação ucraniana esteve envolvido no convite e reconhecimento de Hunka.
Ann-Clara Vaillancourt, porta-voz do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau,também emitiu um comunicado qualificando o pedido de desculpas de Rota como “a coisa certa a fazer” e afirmando que “nenhum aviso prévio foi fornecido ao Gabinete do Primeiro Ministro, nem à delegação ucraniana, sobre o convite ou o reconhecimento”,
“O presidente da Câmara tinha sua própria quantidade de assentos para convidados no discurso de sexta-feira, que foi determinada somente pelo presidente da Câmara e por seu gabinete”, ressaltou Vaillancourt.
Fonte: BRASIL 247 - 25/09/2023
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