Imagem forte. A mãe se despede do recém-nascido morto por bombardeio em Gaza. Reprodução Al Jazeera
Uma segunda "catástrofe" [Nakba], como a que se seguiu à guerra de 1948, que acompanhou a criação do Estado de Israel, é o que está acontecendo agora em Gaza, sustentam analistas cujas vozes estão repercutindo no mundo árabe e muçulmano.
É o que tem dito vários entrevistados da emissora Al Jazeera, do Catar, cujas imagens sem censura registram os corpos de palestinos mortos em Gaza e chegam a vários paises.
De acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, 5 milhões de pessoas foram espalhadas pelo Oriente Médio como resultado da primeira Nakba, resultado do avanço inicial de Israel sobre território ocupado por árabes.
Uma das imagens repetidas pela emissora nas últimas horas é de uma mãe palestina que dá o último beijo em seu bebê morto antes do enterro.
A gaze que cobre o corpo do bebê é parcialmente removida para que ela faça isso.
A cobertura jornalística da Al Jazeera inclui debates em que os convidados falam abertamente sobre o apartheid praticado por Israel contra os palestinos, raramente mencionado pelas TVs do Ocidente.
A emissora tem uma equipe na fronteira entre o Líbano e Israel, onde um carro que transportava jornalistas foi atingido por bombardeio de Israel.
Um repórter cinematográfico da Reuters foi morto. Dois repórteres da Al Jazeera ficaram feridos.
As Nações Unidas já se manifestaram sobre a impossibilidade de cumprir a exigência de Israel de que 1,1 milhão de pessoas deixem às pressas a região de Gaza ao norte de Wadi Gaza.
Milhares estão se deslocando ao sul, justamente onde fica a fronteira de Gaza com o Egito.
70 civis que estavam na rota de fuga foram mortos por bombardeio de Israel, informa a Al Jazeera.
A eventual abertura de corredores humanitários, pelo qual palestinos poderiam escapar para o exílio, estaria em negociação entre Estados Unidos e o regime militar egípcio, que assim como Israel também é cliente de Washington -- informa a Al Jazeera.
Com apoio de Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha, além dos Estados Unidos, Israel estaria violando a lei internacional ao punir coletivamente os palestinos como se todos fossem "terroristas do Hamas", sustentam entrevistados pela emissora.
A fake news sobre os "40 bebês degolados" pelo Hamas, disseminada amplamente pelo bolsonarismo no Brasil, não chegou à emissora, que no entanto transmitiu ao vivo discursos do presidente Joe Biden e do primeiro ministro Benjamin Netanyahu, que mencionaram barbárie atribuída ao grupo palestino contra bebês, crianças e mulheres de Israel.
A tática do Hamas chegou a ser questionada algumas vezes por jornalistas da emissora.
Repórteres da Al Jazeera transmitem ao vivo de território israelense. Um deles foi ao kibutz perto da fronteira de Gaza onde o Hamas matou mais de cem civis.
Na região que Israel pretende "esvaziar", existem campos de refugiados, escolas e hospitais sem quaisquer condições de atender à demanda militar de Tel Aviv, informa a Al Jazeera, que tem entrevistado responsáveis pelos locais.
Nesta sexta-feira, há 4 mil feridos internados em hospitais de Gaza, vítimas de bombardeios de Israel.
Segundo a Federação Árabe Palestina do Brasil:
Israel jogou 6 mil bombas em Gaza em 6 dias. Mais do que um ano de bombardeios dos EUA no Afeganistão. São mais de 1500 palestinos mortos, metade mulheres e crianças. 423 mil deslocados à força. Agora, Israel prepara invasão por terra e quer deslocar mais de 1 milhão de palestinos em 24 horas.
As "Forças de Defesa de Israel", cujo nome esconde um histórico de ações agressivas para sustentar a colonização de território alheio, dizem que os palestinos só poderão retornar ao norte de Gaza quando cessar o conflito.
Na prática, as IDF praticam limpeza étnica, sustentam os entrevistados pela Al Jazeera, como se o conflito entre as partes tivesse começado sábado passado, com os ataques bárbaros do Hamas a civis israelenses.
A emissora registra o desejo de vingança de parte da opinião pública de Israel, que se traduz em crescentes ataques de civis armados contra palestinos.
O enterro de um palestino na Cisjordânia foi atacado por colonos armados, que mataram pai e filho, noticia a emissora.
Onze palestinos que protestavam contra Israel foram mortos na área controlada pela Autoridade Palestina.
A Human Rigths Watch analisou imagens e entrevistou palestinos e confirmou que Israel usou bombas de fósforo em sua ofensiva contra Gaza, munição proibida pelas leis de guerra internacional -- uma notícia que não teve destaque na mídia ocidental.
De acordo com a Al Jazeera, as ruas árabes e muçulmanas começaram a se manifestar nesta sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos, com grandes multidões protestando contra Israel em Bagdá, Teerã e Amã.
Numa rodovia de Israel, a imagem de um cartaz que circula nas redes sociais seria reflexo do sentimento que pode causar um banho de sangue entre civis, judeus e palestinos, que compartilham a região: "Zero morador em Gaza".
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