Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram alvo de monitoramento irregular feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). O sistema de espionagem com geolocalização de celulares da agência teve como alvos 2,2 mil jornalistas, advogados, políticos, alguns ministros do STF e pessoas consideradas adversárias pela gestão do ex-presidente.
Segundo a investigação da Polícia Federal, esse sistema foi usado mais de 30 mil vezes. Além dos ministros, a espionagem também teria sido feita em celulares de quem frequentava a Corte. A informação foi publicada em primeira mão pelo jornalista César Tralli, no G1, e confirmada pelo Metrópoles com fontes na Polícia Federal.
Ainda não há informações de quais ministros teriam sido monitorados, mas a investigação tem detalhes desse acompanhamento irregular.
Nesta sexta-feira (20/10), a PF deflagrou a Operação Última Milha para investigar o uso indevido do software FirstMile sem autorização da Justiça por servidores da Abin.
Os agentes cumpriram dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
A coluna Na Mira apurou que um dos presos é Rodrigo Colli, profissional da área de contrainteligência cibernética da agência. O outro é o oficial de inteligência Eduardo Arthur Izycki.
Sistema de geolocalização de espionagem
De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.
Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da Abin que respondiam a processo administrativo disciplinar, com risco de perderem o emprego. De acordo com a investigação, eles teriam usado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão.
Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
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