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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga um italiano radicado em Brasília acusado de aplicar golpes milionários contra empresários. Simulando ser representante de um fundo de investimento trilionário, Franco Nicoletti, 76 anos, transparece ser um magnata disposto a investir caminhões de dinheiro em empresas genuinamente brasileiras.
Um dos inquéritos que apura a ação do estrangeiro foi instaurado na Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf) e envolve uma empresa que procurava investidores para a realização de um grande projeto. A firma havia registrado a patente de uma máquina inovadora de processamento de resíduos plásticos, capaz de evitar que todos os tipos de plásticos cheguem ao meio ambiente.
O valor de cada maquinário foi avaliado em cerca de Us$ 900 mil ou aproximadamente R$ 4,5 milhões. Nicoletti foi apresentado aos empresários, e logo as tratativas para o suposto financiamento começaram. O italiano afirmou que representava o fundo de investimento BlackRock, o maior do mundo.
Falso milionário
Durante a reunião com as vítimas, o italiano ficou sabendo que seria necessário cerca de R$ 6 milhões para tirar o projeto do papel. Em resposta, Nicoletti afirmou que “dinheiro não seria problema” e ainda sugeriu a montagem de uma fábrica com várias das máquinas.
O suposto magnata disse, ainda, que havia viajado até a Espanha e conseguido obter um financiamento do fundo BlackRock no valor de cinco milhões de euros, em virtude de seu irmão ser diretor do fundo naquele país, o que nunca foi confirmado.
Além disso, o italiano ganhou ainda mais a confiança dos empresários após garantir a intenção de compra de 200 máquinas pelo governador de Kinshasa, capital da República do Congo, na África. Nenhuma das transações era verdadeira.
Golpe na empresa
Para garantir que o dinheiro entrasse, o italiano apresentou uma série de exigências, como transferências de 50% das quotas e a administração das empresas. O falso investidor também exigia a integralização de bens dos sócios na empresa a fim de garantir o financiamento internacional.
Em seguida, de acordo com depoimento das vítimas, Nocoletti criava conflito com algum dos sócios e, para dirimir o conflito, propunha um balanço patrimonial, para o qual apresentava custos de suas viagens e negociações. Com isso, o italiano cobrava indenização por parte da empresa.
Na sequência, Nocoletti movia ação judicial para expulsão do sócio envolvido no conflito, ficando com a maioria das quotas enquanto não se resolvesse o litígio. Desta forma, o golpista buscava se apropriar dos bens transferidos para a empresa.
Fraude descoberta
Tardiamente, os empresários descobriram que a carta de intenções do Fundo BlackRock era falsa. Na verdade, era de uma empresa de compra e venda de veículos usados criada na cidade espanhola de Marbella, em março de 2022, com o nome de Blackrock Assept.
O documento de auditoria, para fundamentar a garantia que Franco Nicoletti daria ao Fundo BlackRock também é falso. Na verdade foi feito na Espanha, e não tem valor legal.
A coluna tentou entrar em contato com Nicoletti por meio de dois telefones para que ele comentasse sobre as acusações dos empresários. No entanto, ele não atendeu às ligações. O espaço permanece aberto para manifestações.
Fonte: Coluna na Mira/Metrópoles/ reprodução - 17/12/2023
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