quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Folha mostra mensagens e afirma que testemunha Hans River mentiu à CPMI das fake news

Hans River durante audiência na CPMI das fake news
Ag. Senador- reprodução
O jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem na noite desta 3ª feira (11.fev.2020) para rebater declarações de Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows. O jornal divulgou conversas em texto e áudio que contestam versões apresentadas por ele.
Hans River prestou depoimento nesta tarde à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das fake news. Ele foi ouvido na condição de testemunha, convocado pelo deputado Rui Falcão (PT-SP). O objetivo da audiência era esclarecer esquema de disparo em massa de mensagens via WhatsApp nas eleições de 2018.
Reportagem publicada em dezembro daquele ano pela Folha mostra que a Yacows se valeu de CPFs de pessoas idosas para cadastrar os chips de celular que faziam o mecanismo de envio de mensagens por aplicativos funcionar. Uma das campanhas beneficiadas pela prática teria sido a de Jair Bolsonaro (então no PSL) à Presidência.
Hans River foi uma das fontes ouvidas pela jornalista Patrícia Campos Mello, que assina a reportagem.
No depoimento prestado à CPMI, o ex-funcionário da empresa confirmou que a Yacows usava dados de idosos para realizar seus serviços, mas disse também que a repórter da Folha teria se insinuado sexualmente para obter informações após ele ter se negado a colaborar.
O jornal informou que contatou Hans River a partir de 19 de novembro de 2018 e que as conversas foram gravadas. À época, Hans movia ação trabalhista contra a Yacows e revelou o esquema fraudulento usado em campanhas eleitorais.
Folha diz que o ex-funcionário respondeu a perguntas feitas pela reportagem, mas, dias mais tarde (em 25 de novembro), disse ter mudado de ideia. “Pensei melhor, estou pedindo pra você retirar tudo que falei até agora, não contem mais comigo“, escreveu Hans River em mensagem de texto à reportagem do jornal.

© Reprodução/Folha de S.Paulo

Aos integrantes da CPMI, no entanto, o ex-funcionário contou outra versão. “Ela [repórter] queria sair comigo e eu não dei interesse para ela. Ela parou na porta da minha casa e se insinuou para entrar, com o propósito de pegar a matéria”, afirmou.
Quando ela escutou a negativa, o distrato que eu dei e deixei claro que não fazia parte do meu interesse… a pessoa querer 1 determinado tipo de matéria a troco de sexo, que não era a minha intenção, que a minha intenção era ser ouvido a respeito do meu livro, entendeu?“, continuou.
Folha rechaçou a versão contada pelo depoente. Divulgou conversa que mostra Hans convidando a repórter para 1 show e depois cobrando uma resposta da mesma, que em momento algum teria se insinuado sexualmente.

© Reprodução/Folha de S.Paulo

O jornal mostra ainda, a partir das mensagens divulgadas, que Hans também mentiu ao dizer que não encaminhou documentos ao jornal, mas apenas os anexou aos autos da ação trabalhista que movia contra a Yacows.
© Reprodução/Folha de S.Paulo
© Reprodução/Folha de S.Paulo

Hans River poderá responder criminalmente caso se confirme que ele mentiu, podendo seu depoimento ser enquadrado na prática de falso testemunho, cuja pena é de 2 a 4 anos de prisão (artigo 342 do Código Penal).

Eduardo Bolsonaro

As declarações de Hans foram exploradas no Twitter pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro.
Folha divulgou nota oficial criticando tanto o depoimento da testemunha quanto as publicações do deputado:
Folha repudia as mentiras e os insultos direcionados à jornalista Patrícia Campos Mello na chamada CPMI das Fake News. O jornal está publicando documentos que mais uma vez comprovam a correção das reportagens sobre o uso ilegal de disparos de redes sociais na campanha de 2018. Causam estupefação, ainda, o Congresso Nacional servir de palco ao baixo nível e as insinuações ultrajantes do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)“.
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) também divulgou nota para repudiar o assédio à jornalista incitado pelo filho do presidente. “É assustador que 1 agente público use seu canal de comunicação para atacar jornalistas cujas reportagens trazem informações que o desagradam, sobretudo apelando ao machismo e à misoginia. Além disso, esta é mais uma ocasião em que integrantes da família Bolsonaro, em lugar de oferecer explicações à sociedade, tentam desacreditar o trabalho da imprensa“, disse a diretoria da associação.
fonte:Site do Poder360/reprodução -12/02/2020

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