Caracas garantiu a Moscou nesta quarta-feira (16) seu "apoio total" em meio à crise russo-ocidental em torno da Ucrânia, durante a visita à Venezuela do vice-primeiro-ministro russo, Yuri Borissov. Ao contrário dos anúncios feitos por Moscou, os ocidentais e Kiev afirmaram também nesta quarta-feira não perceber nenhuma retirada de soldados russos nas fronteiras da Ucrânia, um sinal de desescalada do conflito.
"Em nome do presidente Nicolás Maduro e do povo venezuelano, queremos expressar nosso apoio total ao povo russo, à Federação Russa e especialmente ao presidente Vladimir Putin", disse na televisão o ministro do Petróleo da Venezuela, Tareck El Aissamin, sem mencionar abertamente a Ucrânia.
"A Venezuela é um parceiro estratégico da Rússia na América Latina e no mundo em geral", respondeu Borissov. “Valorizamos muito (ser) aliados e o diálogo de confiança no nível político nesta situação de crescente instabilidade. A cooperação entre nossos países é mais importante do que nunca”.
Os ocidentais estão preocupados há semanas com os riscos de um ataque à Ucrânia pela Rússia, que reuniu mais de 100.000 soldados nas fronteiras deste país, uma situação explosiva no centro da pior crise com Moscou desde o fim da Guerra Fria .
No contexto desta crise, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, mencionou a possibilidade de um destacamento militar russo na Venezuela e em Cuba.
Moscou é um dos principais aliados do presidente Nicolás Maduro, cuja reeleição em 2018 não foi reconhecida por parte da comunidade internacional e, em particular, pelos Estados Unidos, que tentaram derrubá-lo do poder.
Moscou e Caracas se uniram sob a presidência do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), de quem Maduro é o herdeiro, com a Venezuela em particular comprando armas da Rússia.
"A Rússia faz parte do novo (mundo), é um país, um pólo emergente de desenvolvimento, uma grande potência de paz que colocou seu desenvolvimento científico, tecnológico, industrial e energético a serviço da humanidade", insistiu El Aissami.
"É por isso que daqui da Venezuela ratificamos todo nosso apoio e continuaremos aprofundando nosso relacionamento", acrescentou.
Ceticismo
Depois de cautela, ceticismo. Enquanto Moscou anunciou ontem o início de uma retirada parcial de seus soldados concentrados nas fronteiras da Ucrânia, os ocidentais dizem não ver nenhum sinal de desescalada russa.
A ameaça russa "existe, é real", disse o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, ao canal ABC, alegando ver "forças que estariam na vanguarda de uma possível agressão (...) na fronteira”.
"Parece que a Rússia continua a fortalecer sua presença militar", ecoou o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, no início de uma reunião com os ministros da Defesa da Aliança em Bruxelas.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, assegurou que a Rússia ainda está concentrando "o mesmo número de forças" em torno da Ucrânia e que os anúncios de retirada das unidades russas ainda precisam ser "verificados".
A Ucrânia “não tem medo”
“Não vemos nenhuma mudança. Vemos um acúmulo de tropas que não mudou nas últimas semanas”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, dizendo ter visto “pequenas manobras” de forças russas. A Ucrânia "não tem medo" e vai "se defender", prometeu.
O presidente Zelensky, que declarou nesta quarta-feira o "Dia da Unidade", participou no início do dia de manobras de seu exército no oeste do país, durante as quais as armas antitanque entregues pelo Ocidente foram usadas notavelmente pela primeira vez.
“Obrigado por defender nosso Estado. Quando olho para vocês, confio”, disse ele aos soldados presentes.
FONTE: RFI-(Com AFP) - 16/02/2022
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