Um último passeio pelo Largo do Santo Antônio antes de seguir viagem para a Catedral de Santa Águeda, município de Pesqueira, em Pernambuco. No adeus ao pároco Ronaldo Marques Magalhães, 62 anos, que faleceu no último domingo (09), os fiéis, amigos, familiares e outros religiosos fizeram questão de homenagear o Frei Ronaldo, como gostavam de chamar, com tudo o que ele tinha direito: carinho, gratidão e ao som da música ‘O que é, o que é?’, de Gonzaguinha, que aconselha os ouvintes a viverem sem vergonha de serem felizes.
O sepultamento do religioso que viveu, durante duas décadas, toda a vocação e o amor à comunidade será realizado nessa terça-feira,11, às 16, na cidade natal, no estado vizinho. O carro fúnebre deixou o bairro histórico sob os aplausos dos presentes. Para o padre Lázaro Muniz, muito próximo ao padre Ronaldo, foi uma despedida à altura.
“Quando o frei Ronaldo parte, nós perdemos um dos laços que estaria ajudando esse povo de Deus a buscar mais a fé e a esperança. Ele era a expressão dessa alegria, do amor, da fraternidade e do cuidado com os padres. Louvo a Deus por isso e tenho certeza de que o ministério dele trouxe muitos frutos e bênçãos”, destacou padre Lázaro.
O pesar que rondava a Igreja de Santo Antônio pareceu ficar um tanto mais leve, depois que o bispo auxiliar de Salvador, Valter Magno de Carvalho lembrou aos fiéis o significado da morte para os católicos e destacar a relevância do pároco. “Seremos mais felizes e a vida ganhará mais profundidade e certeza, se aceitarmos que nossa vocação última e definitiva é a comunhão com Deus [...] O Senhor que o chamou para o ministério pastoral o acolherá em seu coração e lhe recompensará por todo bem praticado”, disse durante o sermão.
Lamento e celebração
Na verdade, a segunda-feira foi marcada pelos ritos de despedida. A última missa do dia, realizada às 15h, também contou com a presença de familiares. Entre elas, as irmãs do padre, Geralda e Maria Lúcia Marques. “Uma dor e uma perda que nos faltam palavras para descrever, mas celebramos a contribuição dele”, disse Maria Lúcia.
Sentados ou em pé, os fiéis mesclaram os lamentos da partida repentina com a celebração da vida do religioso que, com alegria e irreverência, transformou a vida da comunidade. As lágrimas foram presenças inevitáveis. Segundo o aposentado, João Tobias, 67 anos, padre Ronaldo cuidava da igreja e dos fiéis como se fossem seus filhos. “Dos que viam doar aos que viam pedir, ele acolhia. Se conseguirmos alguém que faça metade do que ele fez, teremos muito”, disse o fiel.
O pároco também era conhecido como idealizador do Samba do Padre - evento realizado uma vez por mês no fundo da igreja - e da feijoada anual, que já reuniu 3 mil pessoas. Os batismos também eram feitos por ele. Os netos e sobrinhos da aposentada, Cristina Rita Santana, 64 anos, são testemunhas disso. “Tenho certeza que muita gente deve estar triste por não poder estar aqui. Ele amava essa igreja e os paroquianos. Vivia na agonia para resolver os problemas, melhorar aqui e ali. Vê-lo sentado era raridade, a não ser nos últimos dias”, disse Cristina, emocionada.
A causa da morte não foi revelada, mas segundo ela, padre Ronaldo tinha diabetes, foi acometido por problemas no coração e chegou a fazer uma cirurgia há algumas semanas. “Vi o frei Ronaldo pela última vez na terça-feira (04). Eu senti que ele não estava bem, mas tínhamos esperança de que ele fosse melhorar”, lamentou a aposentada.
A última homenagem ao padre Ronaldo será a missa de sétimo dia da sua morte, marcada para sábado (15), às 18h, na Igreja do Santo Antônio Além do Carmo.
Fonte: Correio da Bahia - 11/07/2023 *Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo
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