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Com a tática conhecida como "apito de cachorro" (em referência ao apito canino inaudível para humanos e usado para adestrar cães), usuários da rede têm espalhado conteúdos nazistas por meio de expressões e símbolos aparentemente banais. Eles, no entanto, escondem mensagens de incitação ao ódio e violência e cooptam sobretudo jovens para grupos extremistas.
Essa é a conclusão de um estudo feito a partir da observação de duas semanas realizada pelas pesquisadoras Letícia Oliveira e Tatiana Azevedo. Para o relatório, elas criaram um perfil no TikTok que passou a seguir e curtir vídeos de perfis com conteúdo neonazista e que fazem parte da subcomunidade que cultua autores de massacres escolares.
Em pouco tempo, o algoritmo do TikTok reconheceu o conteúdo preferido do perfil e passou a fazer recomendações de vídeos e contas dessa temática na aba "Para você".
Procurado pela Folha, o TikTok afirma que trabalha constantemente para garantir que a plataforma seja um ambiente em que todos se sintam seguros. Por isso, diz que as diretrizes deixam claro o que não pode ser publicado, como a propagação de violência e ódio.
As pesquisadoras alertam sobre o risco de esses conteúdos alcançarem os jovens, principalmente aqueles com transtornos mentais ou em sofrimento. Como é o caso do aluno de 16 anos que entrou armado na escola estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, na última segunda (23). Ele matou uma adolescente e feriu outros três estudantes.
No inquérito policial sobre o ataque à escola, a mãe do adolescente atirador contou que ele era um usuário frequente do Tiktok e produzia conteúdo em situações controversas para alcançar mais seguidores e fama.
Em uma ocasião, ele publicou um vídeo com uma suástica desenhada no rosto e, às vésperas do ataque na escola, se automutilou na coxa com o símbolo. Para a polícia, o objetivo dele era se promover na internet.
Porém, vídeos como os do autor do ataque em Sapopemba não são os principais conteúdos de cunho neonazistas encontrados na rede social chinesa.
As pesquisadoras citam que os usuários têm se distanciado de símbolos mais conhecidos, como a suástica, optando por códigos nos nicknames e símbolos na foto do perfil.
Fonte: FOLHAPRESS - 30/10/2023
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