Créditos: Reprodução/Instagram/@unespfeg
A Universidade Estadual Paulista (Unesp), uma das maiores do estado de São Paulo, expulsou quatro alunos responsáveis por participar de um trote contra duas estudantes, que colocou uma delas na UTI.
O caso aconteceu no campus de Guaratinguetá em julho do ano passado. As duas alunas foram obrigadas a beber um litro de cachaça misturada com outros ingredientes. Uma delas passou mal e foi levada de ambulância ao hospital, onde ficou internada por seis dias, sendo quatro na UTI.
A Unesp divulgou uma nota oficial na última terça-feira (2) comunicando a expulsão dos quatro estudantes, da Faculdade de Engenharia e Ciências (FEG), pelo Reitor da Universidade.
Outros quatro alunos foram suspensos por 120 dias pela diretoria da FEG, acarretando na perda de pelo menos um semestre pelos discentes. Um quinto aluno foi suspenso por 45 dias.
Um inquérito policial, de número 2279981/2023, está em curso para investigar o caso, que versa sobre o crime de lesão corporal de natureza grave atribuído a sete alunos que teriam participado do trote.
A Unesp informou que, à pedido da Polícia Civil, uma ficha contendo a qualificação e fotos dos sete alunos foi entregue às autoridades. Todos eram moradores de duas repúblicas masculinas de Guaratinguetá.
A nota oficial ainda ressalta que “o processo policial é totalmente distinto do nosso processo disciplinar, de tal modo que suas sentenças, efeitos e decisões são independentes”.
O que aconteceu
A vítima que foi colocada na UTI é uma estudante de engenharia civil que ingressou na Universidade em 2021. Em 2023, ela se mudou para uma nova república – residência comum por abrigar diversos estudantes – e passou a ser tratada como caloura pelos antigos moradores, sendo obrigada a “pagar prendas” para as veteranas.
Na ocasião do trote violento, a estudante, junto com outra colega, foi entregue pelas outras moradoras da residência para ser “punida” por outras repúblicas após não cumprir uma tarefa que lhe foi designada.
Foi em duas repúblicas masculinas que ocorreram as situações que levaram à hospitalização da estudante. A Unesp informou que “oportunamente, quatro comissões adicionais serão instituídas para apurar o ocorrido nas demais repúblicas citadas na denúncia registrada na Ouvidoria Local”.
As duas alunas foram obrigadas a fazer uma série de flexões e cumprir tarefas vexatórias determinadas pelos homens. Caso não o fizessem, deveriam tomar cachaça. Ao todo foi ingerido um litro do destilado, que era administrado em doses misturadas com outros ingredientes, como pimenta, vinagre, pó de café, sal, mostarda e feijão.
A estudante de engenharia civil passou tão mal que uma ambulância foi chamada ao local. Ela foi imediatamente admitida na UTI e teve que ser entubada, porque tinha saliva e alimentos no pulmão. Seu corpo não respondia a estímulos e havia dificuldade de respiração.
A aluna ficou quatro dias internada na UTI e outros dois na ala comum do hospital, até receber alta. O caso foi denunciado à Ouvidoria Local e, segundo o Uol, a Unesp abriu um canal de denúncias de trote violento após o ocorrido. Segundo a própria Universidade, a vítima abandonou o curso de engenharia civil e pediu transferência para outra instituição.
Fonte: Revista Fórum - 07/01/2024
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