sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

EUA: Governo Trump pode processar médico que se tornou símbolo da luta contra a pandemia da Covid-19

 

            Governo Trump pode processar médico que se tornou símbolo da luta contra a pandemia nos EUA -© AFP/File

Ele foi consultor científico e médico de seis presidentes dos EUA antes de Joe Biden. Seus quatro anos com Donald Trump foram um "longo pesadelo", especialmente com o avanço da Covid-19 nos EUA. Anthony Fauci, o "Dr. Covid", que liderou a luta contra o vírus e as teorias conspiracionistas de apoiadores de Trump, pode agora se tornar o novo alvo do presidente norte-americano.

O Dr. Anthony Fauci, conhecido como "Dr. Covid" nos Estados Unidos, tem um currículo impressionante: ele foi diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos por 40 anos. Além disso, desde 1984, ele atuou como conselheiro especial de sete presidentes norte-americanos: Ronald Reagan, George H.W. Bush, Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama, Donald Trump e Joe Biden.

Dizer que Fauci acumula experiência seria pouco. Sua trajetória é marcada por décadas de atuação tanto na formulação de políticas públicas de saúde quanto na condução de experimentos e estudos médicos de ponta.

"Pesadelo"

Os quatro anos de "pesadelo" ao lado de Donald Trump foram relatados por Anthony Fauci ao jornal The New York Times em 25 de janeiro de 2021, quando o infectologista também compartilhou o alívio de trabalhar com Joe Biden, que prometeu uma mobilização no estilo "tempos de guerra" contra a Covid-19 e se comprometeu a dar voz aos cientistas com total transparência.

Uma verdadeira "mudança de paradigma", segundo o médico. Ao contrário de Donald Trump, Anthony Fauci sempre se esforçou para dizer – de forma calma e fundamentada – a verdade ao país, uma postura que lhe rendeu tanto a confiança de milhões de norte-americanos, quanto a rejeição de uma boa parte dos apoiadores do ex-presidente republicano, que não perdoam sua oposição às declarações e decisões de Trump.

Entre os que criticaram a política de confinamento de Fauci está o excêntrico Robert F. Kennedy Jr., conhecido como “RFK Jr”, que retirou sua candidatura à presidência em favor de Donald Trump em troca do cargo de Secretário de Saúde. Ele quer colocar suas ideias em prática, e o novo presidente já disse que lhe dará bastante espaço de manobra, segundo informações de Guillaume Naudin, correspondente da RFI em Washington.

RFK Jr. afirma que não é contra a vacinação e, de fato, seus próprios filhos são vacinados, mas que é contra a vacinação obrigatória. Mas ele pretende revisar a eficácia das vacinas e a lista de vacinas obrigatórias para crianças. 

Revanche?

Há também decisões que exalam um forte cheiro de vingança, como a decisão de Donald Trump de deixar a Organização Mundial da Saúde (OMS), que incentivou fortemente a vacinação durante a pandemia. A colaboração entre os Estados Unidos e a OMS permitiu que as vacinas fossem distribuídas mais amplamente em todo o mundo.

E parte do clã Trump não escondeu seu desejo de tomar medidas legais contra o Dr. Anthony Fauci, conselheiro presidencial durante a pandemia que estava no centro das políticas de vacinação e contenção.

Essas ameaças são tão reais que, nas últimas horas de seu mandato, Joe Biden concedeu a ele um perdão preventivo para imunizá-lo de processos judiciais. Um gesto muito raro e incomum, mas ainda nos perguntamos se ele se manterá após qualquer contestação legal, segundo informações do correspondente da RFI em Washington.


Fonte: RFI -24/01/2025 18h:17

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