sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Presidente dos Correios diz que empresa estava preparada para ser privatizada no governo Bolsonaro

Fabiano Silva dos Santfos, presidente dos Correiosf.Créditos: Fernando Donasci/Divulgação
Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios.Créditos: Fernan

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (21), Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios, comentou as ameaças de privatização e o futuro da empresa neste e no próximo ano. 

As declarações de Fabiano acontecem um dia após a oposição conseguir recolher assinaturas para entrar com o pedido de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para investigar a estatal. 

Fabiano afirmou que, de fato, a empresa vive um momento de "transformação e recuperação". Fabiano assumiu os Correios após a posse do presidente Lula (PT), que fez questão de retirar a empresa da lista de privatização no primeiro dia de mandato. No entanto, Fabiano afirma que apesar de não ter sido privatizado, os Correios sofreram um sucateamento durante esse processo, que deixou efeitos a longo prazo.


"Era uma empresa que tinha sido preparada para ser privatizada, e quando uma empresa é preparada para ser privatizada, ela é sucateada, e esses efeitos a gente sente por um longo prazo. Acho que isso é importante destacar: a herança que nós temos com esse sucateamento da empresa", afirma. 

Fabiano acrescenta que, quando assumiu a presidência dos Correios, não havia nenhum investimento em tecnologia, que tinha sido suspenso no governo anterior. "Isso traz efeitos muito ruins, porque uma empresa como os Correios precisa se modernizar. Então, foi por isso que o presidente Lula nos deu essa missão. Nós precisamos modernizar os Correios e tem uma palavra que é chave nesse processo de modernização, que é 'inovação'", avalia.

O presidente aponta que a estatal precisa inovar no segmento de logística e que isso foi feito ao longo de 2023 e 2024. "Hoje, os Correios deixaram de ser uma empresa que só entrega mensagens ou encomendas e estamos nos transformando fortemente numa empresa de logística. Eu acho que esse papel é fundamental sobre a nossa gestão, porque é uma mudança no mercado e nós precisamos nos adaptar", diz. 

"O setor de encomendas é um setor altamente competitivo, então nós precisamos diversificar as linhas de atuação dos Correios. É isso que nós estamos fazendo e vamos entregar, este ano, um correio diferente, um correio do futuro", acrescenta Fabiano. O presidente declara que essas mudanças vão fornecer uma empresa "plugada completamente ao comércio eletrônico". "Você vai poder entrar na plataforma eletrônica dos Correios, comprar seus produtos e pagar por essa mesma plataforma dos Correios", afirma. 

"A gente vai trazer inúmeros serviços que são inovadores aqui nos Correios e que certamente mudarão o perfil da empresa para os próximos anos. Nós vamos trazer um modelo que se aplica em outros países do mundo", diz.

Disputas políticas e privatização

Em relação às disputas políticas em torno dos Correios, Fabiano declara que a empresa tem "total respeito" pelo parlamento, senadores e deputados, e que está aberta a prestar qualquer tipo de informação. "E não poderia ser diferente. Somos uma empresa pública e temos ali o compromisso do artigo 37 da Constituição Federal. Então, a gente tem toda a tranquilidade para a gestão dos Correios", avalia.

"É óbvio que uma empresa com essa magnitude como os Correios tem muitos problemas, mas nós estamos aqui trabalhando com muita dedicação. Nós recuperamos direitos que os trabalhadores tinham perdido anteriormente. Nós estamos modernizando os Correios e colocando os Correios em um outro patamar", afirma. 

Fabiano destaca que é importante recuperar a estatal porque os Correios são de todos. "Não é meu, não é seu, não é de ninguém, não é do presidente. Os Correios são um patrimônio do povo brasileiro, acho que isso é importante ser destacado. O beneficiário dos Correios é aquela senhora que está lá no município de Caicó, que produz os seus bordados e que precisa mandar para qualquer canto do país. A única empresa que consegue fazer isso são os Correios", diz. A estatal é o único órgão público presente em todos os 5.570 municípios do país.

O presidente também declara que as investidas em favor da privatização acontecem justamente porque a empresa é "estratégica" e "fundamental para o desenvolvimento econômico do país". "Os Correios têm essa importância enquanto empresa pública que está a serviço do país. É uma empresa que tem uma finalidade diferente de muitas outras", diz. "É uma empresa fundamental para o povo brasileiro", completa.

O presidente cita o exemplo de um acordo de cooperação assinado nesta semana com o ministro Paulo Texeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, para que os Correios também transportem alimentos da agricultura familiar. "Com isso, a gente ajuda, também, no desenvolvimento econômico e na sobrevivência dessas famílias, e eu acho que os Correios têm essa função fundamental".

Por fim, Fabiano ressalta que o trabalho dos Correios é entregar "inovação" e "parceria" para deixar a empresa ainda mais forte. Ele afirma que ainda há muito trabalho pela frente para que a empresa continue a orgulhar o povo brasileiro. 

Fonte: REVISTA FÓRUM - 21/02/2025 19h:25

Confira a entrevista completa de Fabiano Silva dos Santos ao Fórum Onze e Meia 

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