foto:reprodução
Homenagens, orações, lágrimas, cantorias, longas filas e até confusão com a polícia. A última despedida de Diego Armando Maradona, nesta quinta-feira (26), teve um pouco de tudo. A morte do astro, aos 60 anos, após parada cardiorrespiratória, levou mais de 1 milhão de pessoas ao seu velório, segundo veículos de imprensa locais. A cerimônia foi realizada na Casa Rosada, sede da presidência argentina em Buenos Aires.
A movimentação na área começou ainda na madrugada e os portões foram abertos às 6h. A longa fila chegou a se estender por mais de 25 quarteirões, com tempo de espera de cinco horas. Ao chegarem na frente do caixão, os fãs só podiam permanecer por 10 segundos. E meio a pandemia do coronavírus, o distanciamento e uso de máscaras não foi cumprido por boa parte da população.
A reta final da cerimônia foi marcada por tumultos, após confusão pela manhã. A despedida tinha horário previsto para acabar às 16h e, para tentar respeitar o desejo da família de Maradona, a polícia decidiu fechar a fila na Avenida 9 de julho, a poucos quilômetros da Casa Rosada, duas horas antes, por volta das 14h.
A decisão revoltou a multidão e fãs entram em confronto com policiais. A família de Maradona chegou a reconsiderar o horário e adiar o encerramento para as 19h, mas o tumulto fez com que a polícia fechasse os portões às 15h45. O velório foi suspenso e, então, oficialmente encerrado. Apenas familiares e pessoas próximas permaneceram no local até a saída do carro fúnebre.
O cortejo com o corpo de Maradona começou por volta de 17h45. Milhares de torcedores enlouquecidos gritaram "Diego, Diego" e correram atrás do carro, que saiu pela 25 de Mayo sob um forte escoltamento policial. Todo o trajeto foi bloqueado meia hora antes do início e, portanto, não havia trânsito.O carro fúnebre com o corpo de Maradona chegou por volta das 19h no cemitério Jardim da Paz, situado na periferia de Buenos Aires. O local, situado no bairro de Bella Vista, é o mesmo onde estão enterrados os pais do ex-jogador, Dalma Salvadora e Diego Maradona pai.emitério foi reservada para familiares e amigos, com poucas dezenas de pessoas. Uma bandeira da Argentina cobriu o caixão. Informações do Correio da Bahia
Familiares e amigos de Diego Maradona no cemitério, ao redor do caixão do ex-jogador |
Confusões e tumultos
O primeiro incidente com a polícia aconteceu ainda nas primeiras horas do velório. Um grupo de pessoas trocou empurrões na fila, que era controlada por grades, e policiais com equipamento de choque formaram um cordão de isolamento. Torcedores trocavam socos e atiravam objetos uns nos outros. Para dispersar a confusão, foi usado gás lacrimogênio.
Após alguns minutos, a entrada dos fãs na Casa Rosada foi permitida de novo, inicialmente em um fluxo menor, até normalizar o acesso. Os torcedores então passaram a cantar músicas de arquibancada, para homenagear o camisa 10. O clima ficou parecido com o da entrada de um estádio de futebol e teve até provocação a Pelé - 'Maradona é maior do que Pelé', cantarolavam os fãs, nas proximidades da Casa Rosada.
Fãs de Maradona e polícia argentina entraram em confronto nos entornos da Casa Rosada |
Na reta final da cerimônia, novos problemas. Quando os policiais tentaram dispersar os fãs que entravam na fila, e a resposta veio com muitos torcedores atirando objetos, como garrafas, contra o agrupamento, em protesto por não poderem se aproximar da Casa Rosada. Duas grandes correrias foram registradas.
A polícia reagiu formando um cordão de isolamento com escudos, e lançou gás lacrimogêneo e balas de borracha na direção da multidão. Também usou hidrantes para jogar água nos torcedores, e grades foram derrubadas. Muitas pessoas aproveitaram para furar a fila, o que gerou mais tumulto. Segundo a TN TV, algumas pessoas foram detidas, mas o número não foi divulgado.
Tranquilidade dentro
Na porta da Casa Rosada e dentro do palácio do governo, o clima foi bem diferente. Os fãs respeitaram a fila e seguiram as orientações para que não parassem em frente ao caixão - dessa forma, dariam continuidade ao fluxo de pessoas que estava chegando. Também era obrigatório o uso de máscaras, por causa da pandemia da covid-19.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, compareceu à cerimônia por volta de 11h30. Emocionado, ele colocou uma camisa 10 do Argentino Juniors em cima do caixão. Além de ser o clube que revelou Maradona em 1971, é o time do coração de Fernández.
O caixão, aliás, já estava coberto com uma bandeira da Argentina e duas camisas, uma do Boca Juniors, clube onde o astro é ídolo, e outra da seleção nacional. Fãs que compareceram ao velório também atiraram outras camisas, bandeiras e flores para o astro.
A realização do velório na Casa Rosada é considerada uma honraria na Argentina. A última personalidade a ser velada no local foi o ex-presidente Néstor Kirchner, em 2010, que era marido da atual vice presidente Cristina Kirchner.
Autópsia
O resultado preliminar da autópsia de Maradona apontou que ele sofreu um infarto enquanto dormia. Segundo o jornal argentino La Nación, o ex-jogador morreu por uma "insuficiência cardíaca aguda, congestiva e crônica", o que gerou um acúmulo anormal de líquido no pulmão.
Agora, é esperado, em uma semana, os exames toxicológicos, que devem revelar se houve a ingestão de remédios, drogas ilícitas ou álcool. A autópsia foi realizada no hospital de San Fernando. De acordo com o La Nación, a conclusão do laudo foi confirmada por cerca de cinco especialistas entre "médicos peritos oficiais e um perito da família".
0 comentários:
Postar um comentário