Os hackers bolsonaristas estão mais ativos do que nunca, sempre prontos para sabotar o Brasil e as instituições que não estão de acordo com seus propósitos. Seu último ataque, que perturbou seriamente as eleições municipais, foi contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), domingo 15, e atingiu o cerne da democracia brasileira, o momento do voto. Numa manobra sórdida e bem coordenada, redes de computadores zumbis ativadas simultaneamente no Brasil, nos EUA e na Nova Zelândia tentaram sobrecarregar os sistemas do tribunal e paralisar suas atividades.
Fontes ligadas ao STF investigam suspeitas do envolvimento de blogueiros bolsonaristas ligados ao deputado Eduardo Bolsonaro e ao seu irmão Carlos, que seria um dos mentores do “gabinete do ódio”, instalado no Planalto.
O ataque alcançou o pico de 30 gigabits por segundo, o equivalente a 436 mil conexões por segundo, durante 18 minutos, a partir das 10h21. E apesar de ter sido repelido e provocado apenas uma lentidão nas informações acessadas no site do TSE, serviu para os seguidores do presidente Jair Bolsonaro e ele próprio tripudiarem pelas mídias sociais as urnas eletrônicas e o bem-sucedido processo de votação no País. Dias antes do pleito, Bolsonaro colocou o processo em dúvida e disse que ele não era “confiável”. Com mais veemência do que o pai, seu filho 03, o deputado Eduardo aproveitou a situação crítica para defender a volta do voto impresso e encabeçou uma campanha pelas redes para repudiar a urna eletrônica e tirar a legitimidade do atual sistema eleitoral. Eduardo é autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que retoma a antiga forma de votar.
Menos do que um ataque destrutivo, o TSE foi alvo de uma manobra diversionista, uma tentativa de criar um foco de tensão inexistente em torno do modelo eleitoral, mostrando sua vulnerabilidade a fraudes. O que se pretendeu claramente foi desestabilizar o sistema para mostrar que pode ser adulterado, na mesma cartilha do presidente Donald Trump, que tenta melar as eleições nos Estados Unidos. O presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso, declarou não ter dúvidas de que a motivação dos hackers foi política e teve o objetivo de desacreditar o tribunal. Em entrevista, ele atribuiu o ato criminoso a “milícias digitais”. “Milícias digitais entraram em ação tentando desacreditar o sistema”, afirmou. “Há suspeita de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições e clamam pela volta da ditadura. Muitos deles são investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”, completou. A Polícia Federal foi convocada por Barroso para atuar no caso e já descobriu que, além da tentativa de derrubar o sistema, houve roubo de dados administrativos atuais do TSE, referentes a 2020, e não apenas de dados antigos, como se pensava inicialmente. Vazaram informações pessoais de ministros e servidores.
Seguindo a trilha do presidente do TSE, há dois inquéritos em andamento no STF que envolvem crimes digitais: o das fakenews e o dos atos antidemocráticos, ambos sob a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes. Tanto Eduardo, quanto seu irmão 02, o vereador Carlos (Republicanos-RJ), já foram ouvidos como testemunhas no inquérito das fakenews e estão sob investigação. Outros personagens suspeitos das ações contra a democracia e as eleições livres, são os blogueiros Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, desafetos do ministro Barroso, a quem acusaram, sem provas, de “prevaricação”. Patrocinado por Eduardo, suspeito de pagar o aluguel de sua mansão em Brasília, Santos fugiu para os EUA, justamente um dos eixos do ataque de domingo. Já Eustáquio, também protegido de Eduardo, foi detido pela Polícia Federal, na terça-feira 17, após descumprir medidas cautelares impostas pelo STF, associadas ao inquérito sobre atos antidemocráticos. Recentemente, o blogueiro, que se diz vítima de “crime de opinião”, divulgou um vídeo com acusações contra Guilherme Boulos, candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo.
Voto impresso
Não por acaso, assim que surgiu a notícia do ataque, a linha de frente do bolsonarismo invadiu as mídias sociais com questionamentos sobre a segurança das urnas e insinuações de fraude. A deputada Bia Kicis (PSL-DF), aliada de Eduardo, foi uma das primeiras a colocar a eleição sob suspeita. “Acabo de defender o voto impresso em plenário. Nosso sistema eleitoral é inseguro, pois impede o rastro de eventual fraude”, declarou Bia, na quarta-feira 18. A deputada Carla Zambelli, com ligações íntimas com os Bolsonaros, e que também é investigada, como Bia, no inquérito das fakenews, fomentou o terror. “Mais do que nunca, temos que voltar a falar em voto impresso como forma de conferir a votação eletrônica. Ninguém me convence que o sistema trave dessa forma sem fraude envolvida. Posso estar errada, por isso quero poder conferir os votos da minha urna”, escreveu. Já Eduardo fez uma postagem conspiratória: “Noticiam que TSE foi atacado por hackers. TSE nega. Então são expostos bancos de dados do TSE. Isso traz um clima de insegurança, que faz as pessoas desconfiarem que o atraso na divulgação possa ser um novo ataque hacker ou manipulação, já que não há transparência”, afirmou.
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