Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, falou sobre a visão que tem do Brasil governado por Jair Bolsonaro. Também comparou o presidente brasileiro ao colega norte-americano Donald Trump e comentou a eleição de Joe Biden, seu colega de partido e ex-vice-presidente.
Obama concedeu entrevista ao programa Conversa com Bial, da Rede Globo, que foi ao ar na madrugada desta 3ª feira (17.nov.2020).
Pedro Bial citou o episódio no qual Bolsonaro diz que “quando acabar a saliva, tem que ter pólvora“. O presidente brasileiro se referiu a possíveis barreiras comerciais impostas por outros países condicionadas à preservação da Amazônia. No discurso, citou “1 grande candidato à chefia de Estado”, referência a Biden, eleito para a presidência dos EUA.
“Eu não conheço o presidente do Brasil. Eu já tinha saído [da Casa Branca] quando ele assumiu o cargo. Então não quero dar uma opinião sobre alguém que não conheci”, disse Obama.
“Posso dizer que, com base no que vi, as políticas dele, assim como as de Donald Trump, parecem ter minimizado a ciência da mudança climática. E o Brasil é obviamente 1 ator central na ação de poder ou não frear os aumentos de temperatura que podem causar uma catástrofe global”, continuou o ex-presidente norte-americano.
“A minha esperança é que, com o novo governo de [Joe] Biden, exista uma oportunidade de redefinir a relação. Sei que Joe Biden vai enfatizar que a mudança climática existe. Tanto os Estados Unidos quanto o Brasil vão desempenhar um papel de liderança.”
Segundo ele, “o Brasil foi 1 líder no passado, seria uma pena se parasse de ser”.
Obama falou também da pandemia de covid-19. Estados Unidos e Brasil estão no topo da lista dos países mais atingidos.
“Precisamos nos mobilizar dentro no nosso país e de forma internacional para tentar dar 1 fim a essa pandemia. Mas, no fim das contas, os Estados Unidos e o Brasil têm muitas coisas em comum. O progresso que precisa acontecer, não só no hemisfério, mas no mundo, vai ser, em parte, determinado pela qualidade da relação entre os nossos dois países”, falou.
Barack Obama foi convidado para falar sobre o livro de memórias que está lançando, batizado de “Uma Terra Prometida”. Segundo ele, sua presidência teve uma importância simbólica. “Uma das minhas razões para concorrer foi mandar a mensagem de que qualquer criança pode aspirar algo maior, seus horizontes não são fechados”, disse.
Obama destacou que Brasil e Estados Unidos compartilham a longa história de escravidão e discriminação racial. Falou que o desafio de ambos os países é superar a desigualdade social.
Ele contou que uma das passagens do livro é sobre a visita que fez ao Brasil, em 2011. “As crianças nas favelas, no Rio, em Chicago [Estados Unidos], ou em qualquer lugar do mundo, precisam de mais do que inspiração, precisam de boas escolas, trabalhos quando se formarem.”
ELEIÇÃO NOS EUA
O democrata comentou a recusa de Donald Trump em aceitar o resultado das eleições nos EUA. Trump entrou com recursos em diversos Estados do país e disse, sem provas, que houve fraude no processo eleitoral. Além disso, travou o processo de transição, impedindo a equipe de Biden de ter acesso a documentos e recursos federais.
“Não estou surpreso com o fato de Donald Trump estar violando o costume da transição de poder pacífica porque ele violou vários tipos de normas antes. A boa notícia é que, no fim das contas, não vai fazer diferença. No dia 20 de janeiro [dia marcado para a posse] teremos 1 novo presidente. Mas o que foi perdido foi esse período de transição.”
Obama falou da escolha de Kamala Harris para compor a chapa democrata ao lado de Biden. Com o resultado da eleição, ela se tornou a 1ª mulher a ocupar o cargo de vice-presidente dos EUA.
“Espero que Kamala Harris seja apenas o início de 1 processo no qual cada vez mais mulheres no mundo sejam vistas como líderes viáveis nos níveis mais altos”, disse o norte-americano.
“O trabalho de empoderar as mulheres é contínuo. Foi interessante, como presidente, poder observar que os países que oprimem as mulheres, que não usam os talentos das mulheres, tendem a ser os países que não se desenvolvem economicamente e que têm outros problemas”, falou.
“Os países que muitas vezes estão se saindo bem e que conseguem desfrutar de todo o potencial do país em parte é porque reconhecem que, se não incluírem meninas e mulheres, metade da população envolvida em resolver os problemas, criar negócios e encontrar curas para novas doenças… se não treinamos metade da população, é como como uma equipe de futebol que deixa metade dela fora de campo. Você vai perder.”
FONTE: Poder 360 -17/11/2020 -08h:37min.
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