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O secretário municipal de Saúde de Salvador, Leo Prates, deu entrevista exclusiva ontem à tarde, de forma online ao Correio da Bahia e falou sobre as ações de combate ao Covid-19.
Leo também destacou a importância em manter o isolamento social e reforçou que não há como fazer uma previsão, neste momento, de quando as atividades irão voltar ao normal na capital baiana.
O secretário que recentemente se filiou ao PDT com a presença do vice-presidente nacional do partido, Ciro Gomes, se esquivou de falar das eleições de 2020, visto que é um pré-candidato a prefeitura de Salvador.
Salvador tem se destacado nas ações de combate ao Covid-19. Quais delas você aponta como as mais importantes?
Todas as iniciativas são de extrema importância. Uma não se sobressai a outra, todas se entrelaçam, o que vai desde a determinação de isolamento social (visando proteger as pessoas e também não provocar a sobrecarga das unidades hospitalares em caso de contaminação em massa) até a compra de leitos para receber pacientes contaminados.
O Ministério da Saúde tem seguido as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas o presidente Jair Bolsonaro tem questionado estas recomendações, especialmente em relação às medidas de isolamento social. Como analisa o cenário?
Seguimos as orientações do Ministério da Saúde, que por sua vez é pautado por recomendações internacionais e de especialistas na área que defendem o isolamento social. É comprovado que a quarentena reduz o número de casos e isso tem reflexo importantíssimo no Sistema Único de Saúde. Como o novo coronavírus se espalha muito rápido, podemos entrar em colapso se as pessoas mantiverem suas rotinas normais e se contaminarem em massa. A população precisa fazer sua parte, evitar circulação nas ruas, aglomerações e, assim, a possibilidade de contágio.
Há algumas semanas o ministro Mandetta (da Saúde) afirmou que o sistema de saúde do país entraria em colapso por conta do coronavírus. Você acredita que haverá colapso em Salvador?
Nos últimos dias tivemos um crescimento expressivo da doença. Hoje temos 169 pacientes diagnosticados, com três mortes. Nos chama atenção a contaminação pulverizada em Salvador, inclusive em bairros de baixa renda. Precisamos continuar no enfretamento do vírus e as principais formas de fazermos isso é trabalhando na prevenção, mantendo as pessoas em casa. Estamos trabalhando para ter o melhor cenário, mas nos preparando para o pior.
Sabemos que, além dos casos de coronavírus, o sistema de saúde ainda tem todo o resto para atender (casos de infarto, acidentes, etc). Como tem sido o planejamento?
O SAMU e as UPAs continuam atendendo normalmente. A única mudança que adotamos se refere ao fechamento da porta de entrada do Hospital Municipal de Salvador para atendimento às demandas espontâneas. Ou seja, o HMS está recebendo apenas os casos regulados das UPAs e outros hospitais. A demanda aberta está sendo absorvida nas unidades de emergência do hospital (Parque São Cristóvão, PA Cajazeiras 8 e Hospital Eládio Lasserre).
Hoje, para o coronavírus, só estão sendo testados os casos suspeitos . Contudo, especialistas acreditam que é fundamental testar o máximo de pessoas. Será possível ampliar o número de pessoas testadas?
Hoje fazemos a testagem de casos suspeitos (pessoas com sintomas) nas nossas unidades fixas. Para ampliar de forma ágil a detecção de pessoas com o novo coronavírus em Salvador, a prefeitura irá adquirir de forma imediata 100 mil testes rápidos para o diagnóstico do agravo em até dez minutos. O primeiro lote do insumo deve chegar ainda essa semana. Nesse primeiro momento, os trabalhadores de saúde da rede pública e idosos acolhidos em abrigos na cidade serão submetidos aos testes. Numa segunda etapa, os exames serão através de uma parceria entre a Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador) e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Os indivíduos que estiverem com o quadro febril - acima de 37,8 ºC – serão submetidos à testagem. O exame possui 86% de confiabilidade e o resultado será encaminhado ao paciente via celular. Em caso positivo, a pessoa será orientada a iniciar o isolamento domiciliar de imediato e um novo exame, de contraprova, será realizado no Laboratório Central. A realização da testagem rápida permitirá a identificação de pessoas infectadas e o encaminhamento imediato desse paciente ao isolamento social. Países como Coreia do Sul e Cingapura, que adotaram essa estratégia, tiveram resultados muito bons. Nossa expectativa é achatar ainda mais a curva epidemiológica na cidade.
Na Bahia, dados da Sesab apontavam que nessa altura do campeonato haveria um maior número de casos. Você acredita que as medidas restritivas adotadas em Salvador estão conseguindo barrar o avanço do vírus? Você consegue estimar um prazo para que as atividades possam voltar ao normal?
Não há como fazer um prognóstico. Estamos fazendo estudos técnicos em parceria com a Fiocruz. Há uma divergência de informações se nosso pico será no final de abril ou maio, mas trabalhamos nesse intervalo. Estamos adequando as vagas de UTI à demanda de pessoas que possam agravar com o Covid-19. Então nós temos que diminuir a faixa de transmissão e é isso que estamos tentando conseguir com as medidas restritivas. Ou seja, diminuir o número de doentes de uma só vez. Por outro lado, Salvador ofertará uma ampliação de 250 vagas de leitos de UTI com ventilação, o maior esforço que a prefeitura já fez de ampliação de uma só vez em leitos de UTI.
Você continua pré-candidato? O prazo para deixar seu cargo público é em junho se for disputar a eleição. Contudo, é possível que ainda estejamos enfrentando os problemas do coronavírus em junho, ainda que em menor proporção. Você já pensou nisso? O que pretende fazer?
Acho inadequado falar de política neste momento. Estou focado em salvar vidas. Essa é a minha principal missão hoje e a mais importante que Deus pode me ter dado na vida. Então, vou continuar focado no trabalho da Secretaria Municipal da Saúde. Agradeço a compreensão de todos.
fonte:Site do Correio da Bahia c/adaptações
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