Explosão destruiu parte de Beirute (Foto: Reprodução)
Principal 'suspeito' de ter sido a substância responsável pela grande explosão ocorrida em Beirute, capital do Líbano, na terça-feira (8), o nitrato de amônio é usado principalmente na agricultura e na produção de explosivos.
Segundo as autoridades locais, 2.750 toneladas do composto estavam armazenados sem a segurança necessária no galpão que explodiu, destruindo toda a região portuária da capital libanesa. O presidente do país, Michel Aoun, chegou a dizer que era inaceitável uma estocagem realizada daquela maneira.
O nitrato de amônio em si não é uma substância perigosa. Considerada estável, ela precisa de uma fonte de calor superior a 300 ºC para causar a sua ignição e, após realizada, pode ser devastadora.
O professor de Química do Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia da Bahia (Ifba), Valter Gomes, realizou um cálculo apontando que, após detonada, as 2.750 toneladas da substância liberaram, instantaneamente, 2 bilhões de litros de gás, causando devastação num raio de 15 quilômetros.
Ainda não se sabe o que gerou a explosão, mas o professor suspeita de um incêndio primário que estava ocorrendo no local, cuja temperatura pode ter facilmente superado os 300 ºC.
“Ao ver a cor da fumaça deste primeiro incêndio é possível notar que ela não é vermelha, ou seja, o nitrato de amônio ainda não estava em combustão. Ao ser atingido, o nitrato liberou essa energia toda em uma fração de segundos, causando a explosão”, explica o professor.
Gomes também explica que esse composto é facilmente encontrado por ser um insumo agrícola amplamente utilizado. “Até por isso ele é muito usado por terroristas e assaltantes, por ser barato e, se manuseado na forma correta, gerar uma enorme explosão”, explica.
Em 2018, por exemplo, um grupo criminoso utilizou o nitrato de amônio para explodir e assaltar uma empresa de valores em Eunápolis, no Sul da Bahia. Um vigilante da empresa foi morto com as explosões.
Imagens de Eunápolis, onde nitrato de amônio foi usado em assalto há dois anos (Foto: Divulgação/Arquivo CORREIO) |
O grupo deixou um rastro de destruição na cidade, com vidraças de lojas do comércio destruídas com o uso do nitrato de amônio.
Por conta do potencial explosivo, o controle do nitrato de amônio no Brasil é feito pelo Exército, que define as condições de transporte, manipulação e armazenamento do produto. O CORREIO tentou buscar informações junto à Força Armada sobre como ocorre o monitoramento da substância na Bahia, mas até a publicação da reportagem ainda não havia obtido esse posicionamento.
fonte:Correio da Bahia - 06/08/2020
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