quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Novo Governo: Escolhas da transição mostram aceno de Lula ao mercado e ao centro político

 (crédito: Miguel Schincariol / AFP)
(crédito: Miguel Schincariol / AFP)

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), abriu formalmente, ontem, os trabalhos do governo de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com sinalizações claras para o mercado financeiro e a classe política. O PSD passa a integrar, oficialmente, o staff do Conselho de Transição, que já contava com os representantes dos partidos da coligação vitoriosa no primeiro turno das eleições.

O MDB entra no time com a senadora Simone Tebet (MS), confirmada no grupo temático que vai avaliar as políticas sociais. Na economia — outro grupo estratégico —, dois dos "pais" do Plano Real dividirão o colegiado com uma dupla de economistas ligada ao PT. A futura primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, foi nomeada coordenadora das festividades de posse do marido, em 1º de janeiro.

Com os anúncios de ontem, são 12 os partidos comprometidos com a governabilidade a partir do ano que vem: os 10 da coligação que elegeu a chapa Luiz Inácio Lula da Silva-Geraldo Alckmin (PT, PSB, Solidariedade, PSol, Rede, PV, Pros, Agir, PCdoB e PDT), no campo da esquerda, mais MDB e PSD, de centro.

O presidente do PSD, Gilberto Kassab (SP), indicou o deputado federal pela Bahia Antônio Brito para participar da transição. Com isso, o partido praticamente assegura uma vaga no primeiro escalão do futuro governo, assim como o MDB, que já tem na ex-presidenciável Simone Tebet uma candidata forte para a futura equipe de ministros.

Outra mensagem importante foi dada para os agentes de mercado. O grupo temático que avaliará a situação econômica e fiscal que Lula herdará do presidente Jair Bolsonaro (PL) terá os economistas Pérsio Arida e André Lara Resende — da equipe que elaborou e implementou o Plano Real no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, ambos ligados ao PSDB —, trabalhando lado a lado com dois nomes ligados ao PT: Guilherme Mello, quadro do partido ligado à Unicamp, e Nelson Barbosa, que foi ministro do Planejamento e da Fazenda no governo Dilma Rousseff. Alckmin disse, ainda, que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega deverá auxiliar os trabalhos do grupo como voluntário.

Perguntado sobre como será a convivência dos economistas do Real com os nomes ligados ao PT, o vice-presidente eleito foi pragmático. "Não são visões opostas, são complementares. É importante você ter no grupo técnico visões que se complementam, que se somam. Para você discutir e colaborar com as propostas", argumentou.

No CCBB, Alckmin fez questão de ser acompanhado pelo núcleo duro da transição. Com ele estavam a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que coordenará a interlocução política do gabinete provisório; Aloizio Mercadante, coordenador dos 31 grupos temáticos; e o ex-deputado Floriano Pesaro, nome de confiança de Alckmin, nomeado coordenador executivo do governo de transição. Ao longo desta semana serão anunciados os nomes que integrarão as equipes setoriais.

No time temático da assistência social, também com quatro coordenadores (padrão para todos os grupos), Tebet integrará um colegiado com maioria de mulheres. Além da senadora, foram indicadas as ex-ministras de Desenvolvimento Social e Combate à Fome Márcia Lopes e Tereza Campello, e o deputado André Quintão, do PT de Minas Gerais.

Fonte: Correio Braziliense - 09/11/2022

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