Já há elementos para apontar o envolvimento direto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no plano de golpe encontrado no celular do ex-ajudante e ordens da Presidência, Mauro Cid, que está preso há três meses. As informações foram passadas por investigadores da Polícia Federal (PF) para a coluna Radar, da Veja.
Alguns dos inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) estão em fase de conclusão e Bolsonaro deverá ser indiciado.
O que tem no celular
Militares e apoiadores do entorno de Bolsonaro conspiravam para tentar anular o resultado da eleição de 2022, vencida por Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos documentos contidos no aparelho é intitulado “Forças Armadas como poder moderador”. Nele é apresentado um plano baseado numa tese controversa em que militares poderiam ser convocados para arbitrar conflitos entre os poderes.
O documento traz uma espécie de "passo a passo" do golpe e não é o mesmo da minuta golpista encontrada com o ex-ministro Anderson Torres. Segundo o plano, Bolsonaro deveria encaminhar as supostas inconstitucionalidades praticadas pelo Judiciário aos comandantes das Forças Armadas. Os militares então poderiam nomear um interventor investido de poderes absolutos.
Esse interventor, na sequência, poderia fixar um prazo para o “restabelecimento da ordem constitucional”. Assim, poderia suspender decisões que considerasse inconstitucionais, como a diplomação de Lula. Além disso, poderia afastar preventivamente ministros do STF como Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, que na época integravam o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). N lugar, convocaria os substitutos, Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Dias Toffoli.
Relatório de 66 páginas
Os documentos publicados pela Veja fazem parte de um relatório de 66 páginas produzido pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal.
Foi encontrado ainda no telefone de Mauro Cid outro documento, onde é aventada a hipótese de decretação de estado de sítio, uma das medidas mais extremadas previstas na Constituição para situações excepcionais, como em caso de guerra.
Fonte: Revista Fórum - 04/08/2023
0 comentários:
Postar um comentário