quinta-feira, 18 de junho de 2020

Em entrevista: "Educação só vai respirar quando Bolsonaro deixar a Presidência", diz prof. Daniel Cara

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foto:reprodução
CartaCapital - O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação Daniel Cara não tem nenhuma esperança de que a saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação represente uma mudança significativa no setor.
Em entrevista exclusiva para CartaCapital, o professor afirma que “a educação só vai respirar quando Jair Messias Bolsonaro deixar a presidência da República”.
Na conversa, Cara diz o que espera caso o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, cotado para o cargo, assuma a pasta. “Nadalim tem condição de ser ultraliberal como Guedes e obscurantista como Weintraub. Ou seja, pode ser a versão do governo que as elites digerem: um ultraliberalismo obscurantista polido, menos verborrágico”, declara.
Leia a entrevista completa:
CartaCapital: Estamos caminhando para o terceiro ministro da educação no governo Bolsonaro, Ricardo Velez, Abraham Weintraub e agora Carlos Nadalim. O que é comum a essas gestões e o que recai sobre o MEC e a educação brasileira sob o bolsonarismo?
Daniel Cara: As três gestões têm como marca o olavismo, sendo que, pasme, Ricardo Vélez Rodríguez é o menos sectário. Isso mostra que o pilar ideológico do governo instrumentalizou a área, pesadamente. Aliás, é importante deixar claro: a política educacional bolsonarista é a guerra cultural olavista. Nesse sentido, tomando o direito à educação como referência, estamos andando para trás – tanto em termos de democratização do acesso quanto, principalmente, em qualidade.
CC: Como você avalia a trajetória de Abraham Weintraub frente ao MEC? A sua saída é a melhor decisão para a educação brasileira?
DC: Em termos práticos, trocamos um olavista raiz por um olavista gourmet. Ou seja, vai mudar pouca coisa para quem estuda em escolas públicas e institutos federais de Educação Superior. A mais importante diferença é que Abraham Weintraub, mesmo sendo um ultraliberal, rompeu relações com associações e fundações empresariais por volta de outubro de 2019. Nadalim já acena para as organizações empresariais que atuam na questão educacional, em especial acena para a ONG Todos pela Educação, que tem a função estratégica – e cínica, por isso relevante – de camuflar, ou embalar, a pauta ultraliberal que defende para a área. Portanto, Nadalim tem condição de ser ultraliberal como Guedes e obscurantista como Weintraub. Ou seja, pode ser a versão do governo que as elites digerem: um ultraliberalismo obscurantista polido, menos verborraguico.
CC: O que esperar de Carlos Nadalim na condução do ministério da Educação?
DC: Privatização e obscurantismo com mais discrição. Ou seja, é perigoso. Agora, é preciso ficar claro, o problema dorme no Palácio e trabalha no Palácio do Planalto. A educação só vai respirar quando Jair Messias Bolsonaro deixar a presidência da República.

fonte:Conversa Afiada/ reprodução - 18/06/2020 20h:30min.

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