Em outro trecho, a defesa de Ciro diz que "o abuso de autoridade ora narrado [a operação da PF] foi perpetrado para vasculhar as estratégias da futura campanha eleitoral do Paciente, como contatos, apoiadores e estrutura para o pleito de 2022".
A reportagem pediu um posicionamento sobre as alegações da defesa de Ciro à Superintendência da PF no Ceará, mas não obteve resposta até o momento.
A defesa de Ciro Gomes ainda criticou o fato de uma delação premiada embasar as buscas contra ele e seus irmãos. Os advogados afirmam que a palavra dos delatores não pode ser "sacralizada", já que tem como objetivo obter "benesses judiciais".
A PF utilizou trechos de colaborações premiadas firmadas por Dario de Queiroz Galvão, Mário de Queiroz Galvão Filho e Jorge Henrique Marques Valença, todos executivos da Construtora Queiroz Galvão, vencedora da licitação para a reforma do Castelão.
"Evidentemente que as declarações proferidas pelos colaboradores não podem assumir uma posição sacralizada e incontestável nos autos, na medida em que para tanto, devem possuir alguma ressonância com o substrato probatório angariado através das investigações. Isso porque o delator não age com o fito exclusivo de contribuir com o deslinde das investigações, mas principalmente para usufruir das benesses processuais que porventura possam advir do que fora declarado."
"Em nenhum momento, especificamente em relação ao Senhor Ciro Ferreira Gomes, aponta-se qualquer tipo de nexo causal lastreado nas provas arrecadadas que possa corroborar o teor das declarações dos colaboradores", relata outro trecho do documento.
Segundo a PF, a operação apura "fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio Castelão". Na época dos fatos investigados, Cid Gomes era o governador do Ceará.
A investigação apura o pagamento de R$ 11 milhões em propinas para que a Queiroz Galvão ganhasse o processo licitatório da Arena Castelão e, posteriormente, recebesse valores devidos pelo governo do Ceará.
A propina foi paga diretamente em dinheiro ou disfarçada de doação eleitoral, com emissão de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas, segundo a investigação.
Fonte: FOLHAPRESS - 22/12/2021 09H
0 comentários:
Postar um comentário