247 - A brasileira Shahed al-Banna, 18, mora na Faixa de Gaza e relata os horrores dos ataques israelenses contra palestinos, enquanto aguarda um resgate para retornar ao Brasil. À Folha de S. Paulo, ela contou sobre o cheiro intenso de pólvora no ar e sobre sua casa, que balança como consequência do tremor dos bombardeios. Assustada, a jovem terá que fugir, ir para o lar de parentes em busca de proteção.
"Eu só queria estudar, viver uma vida normal, sem guerra", desabafa. Ela havia iniciado a faculdade de letras há uma semana. Agora, o campus está destruído.
As autoridades brasileiras estão organizando a evacuação de cerca de 30 cidadãos brasileiros do território que tem sido alvo de ataques israelenses desde o fim de semana. A guerra na região já resultou na trágica perda de pelo menos 830 vidas palestinas, e a perspectiva é que os bombardeios continuem nos próximos dias. Há também a preocupação de uma possível invasão terrestre de Israel em Gaza.
A operação de resgate é uma empreitada complexa. O governo brasileiro planeja retirar seus cidadãos através da passagem de Rafah, localizada no sul de Gaza e controlada pelo Egito. Na manhã desta terça-feira (10), o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) confirmou a contratação de um ônibus para a evacuação de cerca de 25 brasileiros, mas os detalhes sobre o momento da operação ainda não foram divulgados. A autorização do Egito para a saída do comboio ainda estava pendente. Todas as outras passagens de Gaza estão sob o controle de Israel, permanecendo fechadas para o trânsito de palestinos.
Gaza tem sido submetida ao bloqueio de Israel por anos, limitando drasticamente o acesso por terra, ar e mar. Os palestinos descrevem sua situação como viver em uma espécie de prisão a céu aberto. O território possui uma área equivalente a apenas um quarto do município de São Paulo, mas abriga mais de 2 milhões de pessoas em condições extremamente precárias.
Shahed al-Banna, nascida em Gaza, passou seis anos em São Paulo, a cidade natal de sua mãe. Ela retornou a Gaza no ano passado, uma decisão tomada para permitir que sua mãe, que está lutando contra o câncer, se despedisse da família. Atualmente, Shahed está sob os cuidados de sua avó, e ambas estão abrigadas na casa de uma tia, compartilhando um quarto com outras 20 pessoas.
"A situação está muito perigosa", contou. Na sequência, ela diferenciou os palestinos do Hamas, grupo que realizou um ataque a civis israelenses no sábado e desencadeou os bombardeios israelenses. "Não é nossa culpa isso que está acontecendo. A gente não fez nada para merecer isso".
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