domingo, 12 de novembro de 2023

Após autorização, brasileiros cruzam fronteira entre Gaza e Egito

Imagem colorida mostra grupo de pessoas reunidas, com malas de viagem, posando para foto; em primeiro plano, homem pardo, de cabelos pretos escuros faz uma selfie

foto:arquivo pessoal

Sob acompanhamento do governo federal, o grupo de brasileiros que aguardava permissão de autoridades do Egito, de Israel e da Palestina para sair da região em conflito cruzou a fronteira entre Gaza e o Egito, no Portal de Rafah, na madrugada deste domingo (12/11) — horário de Brasília.

Em postagem nas mídias sociais, o Palácio do Itamaraty comunicou que, por volta das 5h40, 32 brasileiros e parentes (foto em destaque) entraram em território egípcio. Depois, eles foram recebidos pela embaixada brasileira no Cairo, “responsável pela etapa final da operação de repatriação”.

Os 32 passaram pela imigração e seguem para a aeronave que está na capital do Egito, para resgate dos repatriados oriundos da Faixa de Gaza. A previsão de decolagem é às 11h50 do horário local, nesta segunda-feira (13/11). Três paradas técnicas estão previstas: em Roma, na Itália; em Las Palmas, na Espanha; e na Base Aérea do Recife (Barf), no Brasil.

  • 22 brasileiros;
  • 7 palestinos com Registro Nacional Migratório (RNM);
  • 3 palestinos parentes próximos de brasileiros;
  • 17 crianças;
  • 9 mulheres; e
  • 6 homens.

Duas desistências

Após idas e vindas no processo de negociações, uma lista com nomes de 34 brasileiros e parentes foi aprovada na sexta-feira (10/11) para liberação da saída pelo Portal de Rafah, prevista para aquele dia. Contudo, no posto de segurança da fronteira, eles acabaram impedidos de passar. A decisão se deu em consequência da forte presença militar de Israel ao redor de hospitais em Gaza.

Na manhã deste domingo (12/11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a operação nas redes sociais: “Os brasileiros atravessaram a fronteira e se encontram no Egito, de onde virão, em segurança, para o Brasil, na Operação Voltando em Paz”.

Das 34 pessoas, duas desistiram de voltar ao Brasil. “[Elas] decidiram permanecer em Gaza”, informou o Itamaraty. Depois de cruzar a fronteira, o grupo embarcou em um ônibus fretado pelo governo federal. Posteriormente, seguiu para o Cairo, onde a aeronave VC2 da Presidência da República aguardava os brasileiros.

Três aeronaves da Força Aérea Brasileira e duas da Presidência da República operaram nas atividades de repatriação. Quando o voo desse grupo chegar a Brasília, a Operação Voltando em Paz terá transportado 1.477 passageiros e 53 animais de estimação. 

"Papel de saída”

Durante a viagem para o Egito, Hasan Rabee gravou vídeos em que narrou o cruzamento da fronteira enquanto estava dentro do ônibus que levou o grupo. “Rezem por nós. […] Estamos saindo da Palestina e indo para o Egito. Esse é o caminho. Não falta muita coisa. Um segundo, um minuto”, detalhou.

Assista:

Shahed Al-Banna também registrou o momento: “Estão chamando os nossos nomes. Tenho o papel da saída agora”. Ela e Hasan ficaram conhecidos por compartilharem informações sobre a espera pela autorização para saída de Gaza e sobre as restrições na região.

Acolhimento

Os brasileiros encontrarão as famílias e terão à disposição serviços de abrigo, documentação e alimentação, além de apoio psicológico, cuidados médicos e imunização. Os 32 repatriados ficarão hospedados em Brasília por dois dias.

“Alguns já têm destino, porque têm familiares aqui [no Brasil]; então, serão deslocados para esses locais. Uma parcela significativa, quase a metade do grupo, não tem onde ficar, mas o governo federal disponibilizou, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, um local onde eles serão acolhidos. Será no interior de São Paulo”, declarou Augusto de Arruda Botelho, secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O secretário mencionou não haver prazo específico para duração desses atendimentos. “Estamos preparados para o tempo que for necessário, para que essas pessoas possam se integrar ao nosso país. Não há prazo-limite fixado. Estamos prontos para recebê-los da melhor forma. Eles ficarão em um local com longa experiência de acolhimento de refugiados, da forma mais completa, mais digna e sem prazo”, acrescentou.

A diplomacia brasileira prestou apoio ao grupo até que recebessem autorização para deixar Gaza. Eles receberam recursos para conseguir alimentação, água potável, gás de cozinha e medicamentos. Pela internet, contaram, ainda, com atendimentos médico e psicológico.

Enquanto não tinha a saída liberada, o grupo ficou em casas alugadas pelo governo federal nas cidades de Khan Yunis e Rafah. O deslocamento deles até a fronteira se deu em ônibus fretados pela representação brasileira em Ramala.

fonte:Metropoles - 12/11/2023

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