sexta-feira, 27 de março de 2020

Brasília: Filhos do presidente partem para o ataque

Enquanto Flávio e Eduardo disparam ataques em seus perfis nas redes sociais, Carlos está em Brasília participando de reuniões junto com a cúpula do governo federal
foto:© Antonio Milena/VEJA Enquanto Flávio e Eduardo disparam ataques em seus perfis nas redes sociais, Carlos está em Brasília participando de reuniões junto com a cúpula do governo federal
O isolamento político de Jair Bolsonaro em meio à crise provocada pelo coronavírus catalisou uma ofensiva dos filhos do presidente em defesa do seu governo. Nos últimos dias, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro que se filiou juntamente com sua mãe essa semana no  partido Republicano  intensificaram os ataques contra todos aqueles que eles consideram ser inimigos do pai, sejam eles governadores ou jornalistas. Pior: Carlos, que deveria estar no Rio, se encontra em Brasília participando até de reuniões com a alta cúpula do governo federal.
O pronunciamento de Bolsonaro em rede nacional tem as digitais de Carlos e dos seus asseclas do chamado “gabinete do ódio”, onde funcionários pagos com dinheiro público monitoram a popularidade do presidente em redes sociais e gerenciam perfis destinados a atacar os críticos. O teor do discurso, com ataques a governadores e à imprensa, foi pensado com a ajuda desses assessores do núcleo ideológico do governo. Bolsonaro encomendou o texto após ter se irritado com os governadores do Norte e Nordeste em videoconferências realizadas na segunda-feira, 23. Ele ficou incomodado com os pedidos feitos por gestores de estados que ainda não alcançaram números expressivos de casos de coronavírus.
Carlos, inclusive, esteve em reuniões de Bolsonaro com ministros e nas videoconferências com os governadores das regiões Norte, Nordeste e Sul, conforme consta na agenda oficial do presidente. O filho Zero 02 também se reuniu com o pai junto do irmão, Flávio, e de dois antigos aliados que ganharam cargos no governo: Gilson Machado, presidente da Embratur, e Nabhan Garcia, secretário de assuntos fundiários.
Em seu perfil no Twitter, Carlos manteve a rotina de ataques à imprensa e aos governadores, centrando fogo principalmente no paulista João Doria (PSDB). Nas mensagens cifradas que publica, o vereador continua insistindo na teoria de que existe um movimento coordenado para tirar Bolsonaro do poder.
O senador Flávio também intensificou a atividade online. Ele abandonou neste ano a postura discreta que havia adotado após o início da investigação sobre o seu envolvimento num esquema de rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio. Em postagens recentes, Flávio defendeu a presença de Carlos nas reuniões em Brasília e atacou a imprensa. “Fique em casa. No final do mês, a Rede Globo vai pagar suas contas”, diz uma imagem postada pelo senador, que é contrário às medidas protetivas que especialistas defendem para impedir a disseminação do coronavírus.
Já Eduardo, entre um xingamento e outro à imprensa, tratou de isentar o governo federal da crise econômica que será provocada pelo coronavírus, prevendo um cenário de caos social em que desempregados se revoltarão contra os governadores que adotaram medidas como o fechamento de estabelecimentos comerciais. “Não esqueçam da imprensa que trabalha aberta ou veladamente pela sua retirada”, escreveu o filho Zero 03 para arrematar a teoria conspiracionista de que há um golpe em curso contra Bolsonaro.
As redes sociais são importantes para manter mobilizada a base mais fiel ao presidente. Um grupo de estudos da FGV tem constatado que há um crescente isolamento dos bolsonaristas mais radicais na internet. Após o pronunciamento do presidente em rede nacional, a FGV identificou pela primeira vez uma união entre grupos de usuários considerados de “esquerda” com aqueles “não alinhados” a nenhum espectro ideológico. As manifestações, no caso, eram em repúdio ao discurso de Bolsonaro, cuja base de apoio teve participação de 6% a 8% num debate formado por 6 milhões de postagens no Twitter.
fonte:Veja.com - 27/03/2020 c/adaptações

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