© Werther Santana/Estadão O vice presidente da República, general Hamilton Mourão
BRASÍLIA - O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta quarta-feira, 25, que a orientação do governo para combater a pandemia da covid-19 "é uma só" e continua sendo isolamento e distanciamento entre as pessoas.
A declaração vai na contramão do que defendeu o presidente Jair Bolsonaro na véspera, em pronunciamento em rede nacional de TV, quando pediu o fim do confinamento em massa e a reabertura de comércios e escolas.
Segundo Mourão, o presidente pode não ter se expressado da melhor forma no pronunciamento de terça ao propor que apenas idosos e doentes fiquem em suas casas. "O presidente buscou colocar e pode ser que ele tenha se expressado de uma forma, digamos assim, que não foi a melhor. Mas o que ele buscou colocar é a preocupação que todos nós temos é com a segunda onda", afirmou o vice-presidente, explicando que a segunda onda são os impactos na economia, provocando desemprego. Mourão concedeu entrevista a jornalistas, via videoconferência, após reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal, órgão que preside.
"A posição do nosso governo, por enquanto, é uma só. A posição do governo é o isolamento e o distanciamento social", disse Mourão. O vice ponderou que a orientação para isolamento está sendo discutida.
A recomendação de Bolsonaro no pronunciamento deixou médicos e aliados perplexos. Isso porque o contato com alguém contaminado é a principal forma de contágio do coronavírus e o isolamento da população para evitar a transmissão é recomendação do próprio Ministério da Saúde, que segue as orientações da Organização Mundial da Saúde. A covid-19 já infectou mais de 2 mil pessoas no País, com 57 mortes.
Mais cedo, Bolsonaro afirmou que pediria ao Ministério da Saúde mudança na orientação de isolamento da população durante a pandemia.
Mourão afirmou ser possível a mudança do chamado isolamento horizontal (que envolve todas as pessoas) para o vertical (apenas para idosos e doentes), defendida por Bolsonaro, de forma gradual após um período de 14 dias. É preciso liberar as pessoas das atividades essenciais para a "vida vegetativa" do País, declarou o vice.
Apesar das divergências entre Bolsonaro e o próprio Ministério da Saúde, Mourão enfatizou que o presidente da República está dentro da política traçada pelo governo e orientada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A preocupação de Bolsonaro, afirmou, é com o "verdadeiro desmantelamento da economia"
fonte:Estadão - 25/03/2020
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