A três meses das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) cobrou, durante reunião nesta terça-feira (5), mais engajamento de seus ministros na disputa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O encontro no Palácio do Planalto teve clima de tensão e foi marcado pelas cobranças do chefe do Executivo. Segundo relatos feitos à reportagem sob reserva, Bolsonaro afirmou que é necessário haver mais empenho e um maior alinhamento no discurso dos integrantes da Esplanada.
Ele também determinou aos auxiliares que defendam o governo como um todo —e não falem apenas sobre atribuições de suas respectivas pastas.
No Planalto, existe a avaliação de que os novos ministros, que assumiram em abril quando os antecessores deixaram as pastas para se lançarem candidatos, têm se empenhado pouco em divulgar as ações do governo.
O diagnóstico tem sido apresentado e cobrado por membros da campanha de reeleição do presidente.
O encontro no Planalto durou cerca de quatro horas e contou com a presença de dois nomes que estão hoje na campanha: Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, e o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e escolhido para ser vice na chapa de Bolsonaro.
Depois de deixar o Executivo no ano passado, Wajngarten voltou a Brasília recentemente e passou a coordenar a comunicação da campanha.
Dentre as queixas, aliados citam que eles não são municiados com agendas positivas e entregas do governo federal para pensar formas de apresentá-las à população.
A expectativa é que, após a reunião ministerial desta terça, o diálogo entre integrantes do governo e da campanha flua melhor e facilite a divulgação de ações do Executivo.
Um dos pontos contestados por aliados que traçam as estratégias eleitorais do mandatário, por exemplo, diz respeito à agenda do presidente. Na visão deles, a escolha dos compromissos que terão a participação do presidente deveria estar sendo pautada pelo marketing da campanha, o que não tem ocorrido.
A reunião ocorre em meio a um cenário de pessimismo vivido por assessores de Bolsonaro. Depois de viverem um momento de euforia pela saída do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) da disputa presidencial e pelo impacto positivo do aumento do valor do Auxílio Brasil, Bolsonaro estagnou nas sondagens eleitorais e Lula se manteve na frente com uma diferença considerável de votos.
Uma das medidas adotadas para ganhar popularidade é o apoio à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que autoriza a destinação de bilhões para caminhoneiros, taxistas e para o pagamento do Auxílio Brasil em ano eleitoral.
O texto institui um estado de emergência para permitir que Bolsonaro fure o teto de gastos e abra os cofres públicos. Críticos dizem que a PEC foi desenhada com propósitos eleitorais, para permitir uma reação do presidente nas pesquisas.
FONTE: FOLHA -SÃO PAULO - 06/07/2022
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