quinta-feira, 17 de agosto de 2023

As exigências de Neymar e a mentira sobre a Liga Árabe, por Jaeci Carvalho


Fora o alto salário, Neymar fez uma série de exigências pessoais ao Al-Hilal para deixar a Europa e jogar no clube saudita - (foto: SAUDI PRO LEAGUE / AFP)


O contrato de Neymar com os sauditas do Al-Hilal tem uma série de exigências pessoais, entre elas essas que vou nominar: uma mansão com 23 quartos, piscinas na medida pedida por ele, 10 metros de largura por 40 metros de comprimento. Cinco funcionários em tempo integral em sua casa, entre eles, duas pessoas para a limpeza e um chef local, que vai acompanhar um chef pessoal do jogador. As geladeiras da mansão terão que estar cheias de suco açaí, além de refrigerantes para a família e amigos dele. Quando estiver viajando nas folgas, exige que o clube pegue suas contas de hotéis e restaurantes pelos quais passar. Exigiu sete carros do mais alto luxo e um motorista disponível 24 horas. Pediu também um jato particular para que ele possa viajar quando quiser em suas folgas. O clube saudita vai pagar R$ 1,7 bilhão por dois anos de contrato, fora a publicidade que ele poderá fazer.

Neymar declarou: “Eu conquistei muito na Europa e desfrutei de momentos especiais, mas eu sempre quis ser um jogador global e me testar com novos desafios e oportunidades em novos lugares Eu quero escrever uma nova história no esporte, e a Saudi Pro League tem uma energia tremenda e jogadores de qualidade no momento. O Al Hilal é um clube gigante, com torcedores fantásticos, e é o melhor na Ásia. Isso me dá uma sensação de que é a decisão certa para mim, no momento certo, com o clube certo”.

É a declaração mais mentirosa e demagoga que já vi. Vamos por partes: 1– Neymar não foi procurado por nenhum time da Europa, pois é considerado velho, pouco aparece no campo de jogo e seu custo-benefício é o pior da história. 2 – O Barcelona até pensou em tê-lo, mas Xavi Hernandez, técnico do clube catalão, declarou: “ele não se encaixa no meu esquema de jogo e não seria bom para o vestiário”. 3 – A liga saudita não existe em termos de futebol, pois não tem a menor técnica, o público é diminuto e não há o menor interesse no mundo ocidental. 4 – São contratados por lá ex-jogadores em atividade, que ganham fortunas em petrodólares. Benzema, CR7, Kanté e o próprio Neymar estão em fim de carreira, o brasileiro por duas cirurgias no tornozelo e por jogar muito pouco. Em seis anos de PSG, fez 174 jogos, menos de 30 por temporada. O normal de um grande jogador é fazer no mínimo 60 jogos. 5 – Dizer que vai cumprir o contrato de dois anos e jogar em alto nível na Europa, aos 34 anos, é uma heresia de Neymar. Se não conseguiu isso no auge da carreira, iria conseguir com a idade avançada?

Neymar é uma grande farsa, uma mentira que o futebol fabricou e que enganou todos nós. Com potencial para ser melhor do mundo e ganhar todos os títulos que disputou, ficou aquém da nossa expectativa. Na Seleção Brasileira, foi um vexame só, haja vista o cai, cai na Rússia, em 2018. Na Copa de 2014, foi cortado por contusão e na do Catar, em 2022, foi outro fiasco e teve outra contusão no tornozelo. Talvez Neymar não tivesse a pretensão de ser o melhor do mundo ou de jogar em alto nível. Exceto no Barcelona, onde foi coadjuvante de Messi, Xavi, Iniesta e Luiz Suárez, quando ganhou a Champions League, e no Santos, no começo da carreira, Neymar tornou-se um engodo, uma grande mentira. Uma pena, pois o potencial dele era mesmo para se tornar um dos gênios, monstros sagrados do nosso futebol, mas a vaidade, as péssimas companhias e o dinheiro falaram mais alto. Não condeno ninguém por querer ganhar dinheiro. Paga quem quer, mas abrir mão de um possível fim de carreira em alto nível para ser mais um “aposentado” no mundo árabe é demais. Neymar frustrou a todos nós, com seu egocentrismo, com festas em pandemia, com gente morrendo sem ar, por desrespeitar colegas de profissão, por desferir um soco num torcedor do PSG que o criticou na sua cara. Um homem de 32 anos que nunca ouviu um “Não” de ninguém, e que tornou até o técnico da Seleção, Tite, seu refém. É lamentável saber que a seleção de Fernando Diniz vai começar por Neymar. É outro que será refém dele e de seus caprichos. Por isso o futebol brasileiro vive essa péssima fase, em todos os aspectos. Convocar alguém que não joga há sete meses e que escolheu uma Liga sem a menor importância no contexto do futebol mundial, é realmente desprezar quem trabalha de verdade. Que Neymar seja feliz com seus petrodólares, mas que tenha a dignidade de abrir mão da Seleção Brasileira. O torcedor de verdade, e não os puxa-sacos, não suportam mais seus caprichos e seu egocentrismo.

Fonte: /ESTADO DE MINAS - 17/08/2023

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