FOTO:reprodução/redes sociais
As investigações da Polícia Federal (PF) revelam que o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), mantinha comunicação direta com o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias (MDB), durante a operação policial que culminou na prisão do parlamentar, em setembro.
Bacellar (à direita na foto ao lado de TH Joias) foi preso nesta quarta-feira (3/12), no âmbito da Operação Unha e Carne, por suspeita de ter recebido e repassado informações sigilosas da Operação Zargun, ação que mirou a ligação do Comando Vermelho (CV) com políticos, policiais e agentes públicos.
Segundo o inquérito, às 6h03 do dia da ação contra TH Joias (3 de setembro deste ano), o parlamentar enviou a Bacellar uma foto do sistema de segurança de sua casa, mostrando a equipe da PF dentro do imóvel. Ele também compartilhou com o presidente da Alerj o número de sua advogada.
A PF afirma que as conversas exibem “gravidade excepcional”, indicando que Bacellar estava ciente da operação em curso antes mesmo de sua conclusão.
Orientações para eliminar provas
Após o aviso, TH Joias iniciou uma verdadeira operação para destruir ou ocultar provas. Segundo a PF, o deputado:
• apagou o celular antigo,
• adquiriu um aparelho novo,
• planejou uma mudança às pressas com uso de caminhão-baú,
• retirou objetos de dentro da residência logo após o alerta.
No novo aparelho, cuja troca também foi compartilhada com Bacellar, TH Joias enviou um vídeo perguntando se poderia deixar na casa um freezer e outros itens. O presidente da Alerj respondeu imediatamente: “Deixa isso, tá doido? Larga isso aí, seu doido”.
Para a PF, a interação demonstra orientação direta para ocultar elementos que poderiam ser apreendidos.
Suspeita de vazamento
A Polícia Federal agora tenta identificar quem teria antecipado informações da Zargun para Bacellar. Os investigadores apontam que as mensagens:
“Indicam envolvimento direto do presidente da Alerj no encobrimento do investigado e na tentativa de obstruir a atuação dos órgãos de persecução penal.”
Quem é Rodrigo Bacellar
Bacellar está em seu segundo mandato na Alerj. Ele foi secretário de estado no governo do Rio; eleito deputado estadual em 2018; reelegeu-se em 2022, com 97.822 votos; foi eleito presidente da Alerj por unanimidade em 2025; é o segundo presidente da Alerj preso no exercício do cargo – o primeiro foi Jorge Picciani, durante a Operação Cadeia Velha.
O caso TH Joias
Preso em setembro, TH Joias é acusado de usar o mandato para favorecer o Comando Vermelho, articulando compra de drogas, fuzis e equipamentos antidrones para o Complexo do Alemão, além de nomeações políticas a pedido de traficantes.
A Zargun também revelou supostos esquemas de corrupção, lavagem de dinheiro e a infiltração de milicianos e criminosos no poder público.
Fonte:Mirelle Pinheiro/Metrópoles - 03/12/2025
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