domingo, 6 de setembro de 2020

Bolsonaro levou desgaste para a Lava Jato, diz ex-procurador


Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima (Foto: Reprodução/ Facebook)

Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima (Foto: Reprodução/ Facebook)

Carlos Fernando do Santos Lima, ex-procurador regional da República da Lava Jato, afirmou ver um “pacto nacional de estabilização política” em que Executivo, Legislativo e Judiciário “estão desmontando todo o combate a corrupção”, frente, segundo ele, representada pela força-tarefa.

Em entrevista ao à CNN Brasil no sábado (5), Lima disse que a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) está entre as causas desse processo. “A eleição dele trouxe muito desse desgaste para a Operação Lava Jato”. Para o ex-procurador, o presidente “jamais empunhou a bandeira efetiva do combate à corrupção”.

Como exemplos dessa ofensiva, o procurador citou a falta de apoio no governo ao ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro; a saída do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça; aprovação de medidas que, segundo Lima, dificultam investigações; e a escolha de Augusto Aras para chefiar a Procuradoria-Geral da República. “Aras pode estar interessado na cadeira do Supremo. Ele tem que agradar não só o presidente da República como os parlamentares”, opinou.

O ex-procurador negou que a operação tivesse motivações políticas e atingiu executivos e políticos de diversos partidos. Segundo Lima, ao reconhecer que a investigação avançaria sobre outros grupos que não o PT, o sistema se organizou para reagir. “Estávamos investigando como a política se financia no Brasil. A política se financia de jeito ilícito, dinheiro de caixa dois e também de corrupção. Seja de ‘rachadinha’ ou corrupção clássica, tudo é corrupção”, afirmou.

Questionado se a Lava Jato não avançava sobre políticos paulistas, Lima afirmou que, em São Paulo, a força-tarefa “começou tarde e foi desmantelada cedo demais”, em um processo “que vem de Brasília, imposto pela PGR, e de certa forma por alguns ministros do Supremo Tribunal Federal”.

fonte:Bahia.Ba (Com informações para UOL- 05/09/2020)

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