foto:Nara Gentil/reprodução
A defesa da suposta jurista Cátia Raulino entregou, nessa segunda-feira (31), uma série de documentos à 9ª Delegacia (Boca do Rio). No entanto, de acordo com o delegado titular da unidade, ACM Santos, nenhum dos papéis são diplomas que comprovariam as formações listadas por ela em seu currículo Lattes. A papelada apresentada pelos advogados de Cátia foram prints de trocas de mensagens com suas ex-alunas, Solimar Musse e Lorena Falcão, que a acusam de plágio.
De acordo com a delegacia, as mensagens apresentadas pela defesa teriam como objetivo contestar as acusações das ex-alunas. O delegado considera que mesmo essa documentação é insuficiente para a contestação. A "professora" teria publicado os trabalhos de conclusão de curso de Lorena e Solimar assinando como co-autora, mas ambas negam que teriam autorizado o uso de seus trabalhos.
O material apresentado foram prints de conversas do WhatsApp e reproduções de documentos em que Cátia diz ter feito correções nos trabalhos e se reivindica como co-autora.
“No bojo desses documentos, não foram anexados nenhum diploma ou títulos da mesma. Ou seja, até esse exato momento, ela sequer comprovou que é bacharel em Direito”, explica o delegado.
Em seu currículo, Cátia relata que é graduada no curso pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O delegado disse que enviou ofício para uma delegacia do Maranhão para que a unidade solicite à universidade informações que comprovem a formação dela. Além disso, uma delegacia de Santa Catarina, estado onde ela supostamente teria tirado o registro da OAB-SC, também foi oficiada para contribuir nas investigações.
A delegacia de Salvador ainda aguarda pelo menos cinco ofícios de faculdades baianas onde Cátia alegou ter vínculo. Além disso, também é esperado um ofício resposta da OAB Nacional para ver se os dados da investigada constam no cadastro de advogados.
As universidades que consta no currículo Lattes da suposta jurista foram procuradas pelo CORREIO desde o começo da investigação. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde ela teria feito mestrado em 2010, já respondeu à reportagem que não encontrou o nome de Cátia no registro dos cursos de pós-graduação ou no registro de diplomas.
A Universidade Federal da Bahia também informou que não consta no sistema acadêmico da instituição qualquer menção à Cátia Regina Raulino. Logo, ela não realizou doutoramento, mestrado ou mesmo graduação na universidade. A Universidade Federal de Santa Catarina (DAE/UFSC) verificou os registros de alunos de graduação e pós-graduação e não localizou o nome de Cátia Regina Raulino como tendo feito curso de graduação ou registro de diploma de pós-graduação na instituição. A UFSC procurou até mesmo com o nome grafado com K e não encontrou.
"Se ela me trouxer os diplomas, digamos que daqui a 10 dias, e eu ainda não tiver remetido o inquérito ao Ministério Público da Bahia, anexamos os laudos. Está todo mundo preocupado com isso e o MP-BA já está me cobrando respostas desse inquérito", detalha ACM Santos.
Portanto, as investigações continuam e, se comprovadas as acusações, Cátia pode ser condenada pelos crimes de plágio, exercício ilegal ou irregular da profissão e estelionato. O perfil dela no Instagram, que tinha mais de 100 mil seguidores, está indisponivel. Ao tentar acessar, a plataforma exibe a mensagem de que a página foi removida.
fonte:Correio da Bahia - 02/09/2020 00h:48min.
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