foto:Ricardo Stuckert
O governo brasileiro anunciou nesta segunda-feira (6) o ingresso da Indonésia como membro pleno do Brics, grupo de países em desenvolvimento. Em nota, o Itamaraty afirma que o país asiático, o quarto mais populoso do mundo, já havia recebido aval dos outros membros do bloco, em 2023, na cúpula do Brics em Joanesburgo.
Na ocasião, no entanto, segundo o ministério brasileiro, Jacarta preferiu não formalizar a entrada no bloco em razão de eleições presidenciais previstas para 2024 —o vencedor foi Prabowo Subianto, então ministro da Defesa do popular presidente Joko Widodo. Em 2023, o país também era presidente rotativo da Asean, aliança de nações do Sudeste Asiático.
"Detentora da maior população e da maior economia do Sudeste Asiático, a Indonésia partilha com os demais membros do grupo o apoio à reforma das instituições de governança global e contribui positivamente para o aprofundamento da cooperação do Sul Global, temas prioritários para a presidência brasileira do Brics", diz o Itamaraty.
Como presidente do grupo neste ano, o Brasil recebe a cúpula de líderes do Brics. Após Joanesburgo, em 2023, a reunião de 2024 foi em Kazan, na Rússia —o presidente Lula não compareceu por recomendação médica, após acidente doméstico em que bateu a cabeça.
O evento é um dos mais relevantes para a diplomacia brasileira em 2025, que tem a COP30, a conferência do clima da ONU, no palco principal, em novembro.
Ainda não há data definida para a cúpula, mas ela deve reunir os líderes dos países-membros, com exceção de Vladimir Putin. O líder russo tem evitado comparecer a eventos fora de seu país, em razão do constrangimento diplomático causado por mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele.
Em tese, países signatários da corte precisam cumprir suas decisões. O Brasil é um deles, assim como a África do Sul. Putin não foi à cúpula em Joanesburgo e não compareceu à reunião do G20, no Rio de Janeiro, no ano passado. Ele foi representado pelo veterano chanceler Serguei Lavrov nas duas ocasiões.
Mesmo sem o russo, a cúpula é tanto uma oportunidade quanto uma fonte de atritos para a diplomacia brasileira.
Com agenda voltada ao chamado Sul Global, termo pouco consistente que tenta aglutinar países muito diversos em oposição ao Ocidente, o Brasil tem como prioridades fazer do fórum espaço para seu pleito de reforma da ONU e de instituições financeiras globais, além de aprofundar discussões sobre o uso de moedas dos países do bloco em transações comerciais, em vez do dólar.
Por outro lado, a reação ao bloco e a seu crescimento já vem ocorrendo e promete se intensificar neste ano. Donald Trump, que reassume as rédeas dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro, ameaçou impor tarifas de 100% a produtos de países do Brics, caso o grupo insista em alternativas ao dólar.
Brasil, Rússia, Índia e China são membros fundadores do bloco, que teve adição da África do Sul em 2011. Desde então, apenas na cúpula de 2023, em Joanesburgo, novos membros foram convidados: Argentina, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia. Buenos Aires recusou, e Riad ainda não respondeu formalmente ao convite, embora acompanhe reuniões do grupo.
O ingresso de novos membros é feito após aval consensuado entre os integrantes. O formato é o motivo pelo qual o veto brasileiro à Venezuela, cujo convite seria feito durante a cúpula de Kazan, no ano passado, impediu a entrada de Caracas no grupo.
fONTE:Guilherme Botacini | Folhapress - 06/01/2025
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