terça-feira, 25 de agosto de 2020

Lava Jato: Ex-dono da Avianca diz que força-tarefa deve rever atuação

Germán Efromovich foi preso em operação da Lava Jato por suposto esquema de fraudes em licitações e pagamento de propina a altos executivos da Transpetro

foto:© WikimediaCommons Germán Efromovich foi preso em operação da Lava Jato por suposto esquema de fraudes em licitações e pagamento de propina a altos executivos da Transpetro

 Preso em 19 de agosto na operação “Navegar é Preciso”, 72ª fase da Lava Jato, o empresário e ex-dono da Avianca Germán Efromovich se classifica como “defensor ferrenho” da operação. No entanto, diz que a força-tarefa precisa rever métodos de atuação para evitar “shows” como o de sua prisão.

O que esperavam encontrar em todo esse show [buscas] que foi feito? A Lava Jato tem que existir. O que eu sou contra são os exageros. Atirar antes de perguntar, não pode”, disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, feita no apartamento onde o empresário cumpre prisão domiciliar.

Além de Germán, a operação prendeu seu irmão José Efromovich. Eles são suspeitos de envolvimento em 1 esquema de fraudes em licitações e pagamento de propina a altos executivos da Transpetro, subsidiária da Petrobras responsável pelo transporte de combustíveis por meio de navios e dutos.

Os empresários são donos do estaleiro Eisa, investigado na Lava Jato. A família Efromovich ainda é controladora da Avianca Holdings, mas a companhia não é citada nas investigações.

Na entrevista, Germán cita o medo de gestores de serem acusados de favorecer empresários e empreiteiros como motivo da estagnação dos projetos no Brasil. “Todo mundo diz que prefere se preservar a tomar uma decisão e ser acusado de alguma coisa”, diz.

“Os projetos estão lá apodrecendo e muitas coisas que poderiam acontecer com maior eficiência não ocorrem. É efeito dessa pressão toda e de todos esses escândalos”, completa o empresário.

A investigação revelou que Sérgio Machado, então presidente da estatal e agora colaborador, favoreceu o estaleiro Eisa na celebração e na execução de contratos em troca do pagamento de propina.

Germán nega: “Ele [Machado] diz ao Ministério Público que eu me neguei a pagar propina. Nomeia todas as empresas que participaram do ‘propinoduto’, mas não Germán Efromovich. Tá lá escrito, não é opinião minha”.

O empresário, no entanto, afirma ter feito negócios com filhos de Machado, em situações que não envolviam o estaleiro ou contratos com a Transpetro. “Não negociei com o pai [Machado]. A relação com o pai era muito restrita profissionalmente com a história da Transpetro”, afirma.

Germán conta que tem ouvido que foi preso porque a Lava Jato “tinha que mostrar alguma coisa“. “Como sou tão ferrenho defensor da Lava Jato, de 1 Ministério Público forte e independente, quero acreditar que não tenha alguma coisa”, afirma.

Sobre a vida em prisão domiciliar, Germán diz que “estava em casa por causa da pandemia, de qualquer maneira”. “A diferença é o psicológico. E algumas restrições que a juíza colocou que eu tenho que seguir. Não posso conversar com meu irmão. Do resto, a vida continua. Não sou gestor das empresas. Faço o meu trabalho, e isso continuo fazendo. Zoom. Vida normal de pandemia”, declara.

fone:Poder 360 - 25/08/2020


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