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Uma análise dos extratos bancários da quebra de sigilo da loja de chocolates do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) mostra que o parlamentar fez saques, como sócio, nos mesmos dias em que a franquia recebeu depósitos em dinheiro vivo.
Os documentos revelados pelo Jornal Nacional demonstram as operações – dia a dia – de entradas e saídas na conta bancária da loja de chocolate. A equipe de reportagem cruzou os dados e encontrou a coincidência nos valores, de acordo com o G1.
Em várias datas, Flávio Bolsonaro, como sócio da loja, fez retiradas de valores assim que a franquia recebia depósitos fracionados em dinheiro. Na maioria das vezes, os valores eram "redondos". Essas entradas e retiradas têm valores bem parecidos.
Nos dias 25 e 26 de janeiro de 2016, a loja recebeu 12 depósitos fracionados, 6 com o mesmo valor cada, R$ 3 mil em dinheiro. O valor total depositado foi de R$ 25.559. No dia 27 do mesmo ano, Flávio fez uma transferência da conta da loja pra conta pessoal dele de R$ 25.555.
Em 21 de novembro de 2017, foram depositados na franquia R$ 24.566 em dinheiro. Dos 11 depósitos fracionados, 8 têm valores redondos que somam R$ 20 mil. No mesmo dia, Flávio fez uma transferência da loja pra ele de R$ 20 mil reais.
Em 18 de dezembro de 2017, a franquia de chocolate recebeu R$ 35.724 em dinheiro. Foram 11 depósitos de valor redondo – 10 de R$ 3 mil e 1 de R$ 1 mil. Todos juntos somam R$ 31 mil. No mesmo dia, Flávio tirou da loja e transferiu pra conta dele R$ 30 mil.
O cruzamento indica uma movimentação que está na mira do Ministério Público. Os promotores indicam uma relação direta entre as contas bancárias de Flávio e o esquema ilegal da "rachadinha" – quando funcionários do gabinete devolvem parte dos salários pagos com dinheiro público.
Para o MP, o dinheiro seria o mesmo. Além disso, a franquia, segundo promotores, foi usada como uma "conta de passagem".
O Ministério Público aponta também a coincidência dos depósitos em dinheiro na loja no mesmo período em que o ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, arrecadava parte dos salários dos assessores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no esquema da "rachadinha".
Também de acordo com o MP, esses "créditos espúrios" retornavam pra Flávio como lucros fictícios, com a finalidade de lavar dinheiro de crimes antecedentes.
A quebra do sigilo, com autorização da Justiça, mostra que Flávio Bolsonaro fez 54 transferências de dinheiro da franquia pra conta dele. O MP diz que é retirada de lucro. Entre 27 de março de 2015 e 30 de novembro de 2018, foram R$ 978.225.
A defesa do senador Flávio Bolsonaro nega qualquer irregularidade nas contas do senador e afirma que todas as informações sobre o caso já foram prestadas ao Ministério Público.
fonte:G1/BN - 24/08/2020
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