domingo, 23 de agosto de 2020

SP: Estudantes baianos adicionam Luísa Mahin em revista ‘Excluídos da História’ da Unicamp

 

Estudantes baianos adicionam Luísa Mahin em revista ‘Excluídos da História’ da Unicamp
Foto: Divulgação

A ex-escrava, Luísa Mahin, que viveu em Salvador e foi pessoa influente para a Revolução dos Malês (1835) e na Sabinada (1837), foi a personagem escolhida pelos estudantes baianos Davi Klajman, Luma Fialho e Fernanda Sacramento Santos para mostrar a importância da participação da ex-escrava na História do Brasil que os livros didáticos não contam.

 

Sob orientação do professor Rodrigo Lorenzo, os alunos do ensino médio do Colégio Perfil, em Lauro de Freitas, contribuíram para o dicionário biográfico Excluídos da História, produzido e lançado recentemente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).


A inserção do trabalho na revista eletrônica se deu pela participação dos estudantes na 11ª edição da Olimpíada Nacional de História do Brasil, em 2019, promovida pela universidade paulista. Com 18,5 mil equipes de estudantes de todo o Brasil, os jovens baianos chegaram à semifinal e tiveram a pesquisa publicada em uma das mais importantes instituições de ensino superior do país.


“A pesquisa foi parte de uma das etapas da competição que era identificar personagens que não estão em livros didáticos. Esse material tão importante para nossa sociedade, acaba contribuindo para um problema sério que é a falta de representatividade de heróis negros na História do Brasil”, destaca Lorenzo.



HISTÓRIA


Pouco se sabe sobre Luísa Mahin. Davi, Luma e Fernanda chegaram à 5ª fase da competição tendo poucas informações sobre Luísa Mahin. “Foi necessário fazer uma peneira com o que tinha disponível na internet, além e textos acadêmicos e textos da época em que ela existiu”, lembra Prof. Rodrigo, que orientou os estudantes durante todo o processo. “Nos reuníamos toda semana no colégio, além dos encontros online, para resolver a prova em conjunto”, completou.


Acredita-se que ela tenha sido rainha, antes de ser escravizada e trazida para o Brasil, e que pertencia à nação originária do Golfo do Benin: nagô-jeje, dominada pelos islâmicos vindos do Oriente Médio, no final do século XVIII. Teve seu filho vendido pelo próprio pai, que, por ironia do destino, tornou-se um dos maiores abolicionistas do Brasil, o também escritor Luís Gama.


A ex-escrava, alforriada em 1812, desafiou a sociedade, caracterizada pela exclusão social, e em 1835 liderou a Revolta dos Malês, movimento de influência muçulmana de caráter racial e revolucionário. Como desempenhava o ofício de quituteira, distribuía mensagens em árabe pelas ruas de Salvador, propagando ideais de liberdade. Sua participação foi notória também dois anos depois, na Revolta da Sabinada.


DIA PARA RELEMBRAR


Neste domingo, dia 23, é o Dia Internacional para Relembrar o Tráfico de Escravos e sua Abolição. Para o professor Rodrigo, não tem como falar sobre sociedade brasileira sem falar das marcas deixadas pelo tráfico de escravos e pela escravidão. “Na Bahia, o tráfico de escravos e a abolição foram fundamentais para a transformação da sociedade. Todos os afrodescendentes escravizados precisam ser relembrados e ressignificados. Ações como a criação de uma revista como essa coloca heróis negros como Luísa Mahin, que foram excluídos dos livros didáticos, em evidência, dando representatividade às crianças negras”, reforça o professor.


A ONHB é um projeto realizado pelo Departamento de História da Unicamp. Em 2019, em sua 11ª edição, consolidou-se com uma importante ferramenta de aprendizado do ensino de História, reunindo 73 mil inscritos de todas as regiões do país. Devido à pandemia, a edição de 2020 será toda online. As inscrições seguem até 7 de setembro.


FONTE:Por Bahia Notícias - 23/08/2020

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