Em noite de gala e com casa cheia, ícone da música brasileira fez duro discurso contra o extremismo ideológico de Jair Bolsonaro, ainda que sem citá-lo - foto:reprodução/Twitter
Gilberto Gil, um dos maiores ícones da música e da cultura brasileiras, tomou posse na noite desta sexta-feira (8) da cadeira número 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL) e agora é oficialmente um “imortal”. Numa cerimônia de gala, com o Palácio Petit Trianon, no centro do Rio de Janeiro, lotado, o ex-ministro da Cultura de Lula vestiu o fardão verde e dourado e discursou para uma plateia formada majoritariamente por seus pares das Letras.
Aliás, o discurso de Gil foi muito duro e direcionado em grande parte à loucura e à caça às bruxas contra o setor cultural promovidas pelo governo ultrarreacionário de Jair Bolsonaro, que diariamente faz ataques diretos e insultuosos à classe artística e tudo que remeta à cultura.
“A Academia Brasileira de Letras é a casa da palavra e da memória cultural do Brasil. E tem uma responsabilidade grande no sentido de fortalecer uma imagem intelectual do país que se imponha à maré do obscurantismo, da ignorância, e demagogia de feição antidemocrática", começou dizendo o novo “imortal”.
Embora não tenha citado diretamente o presidente da República, as palavras do cantor e compositor foram claramente direcionadas ao líder da extrema direita que persegue artistas.
“Poucas vezes na nossa história republicana o escritor, o artista, o produtor de cultura, foram tão hostilizados e depreciados como agora. Há uma guerra em prol da desrazão e do conflito ideológico nas redes sociais da Internet, e a questão merece a atenção dos nossos educadores e homens públicos. A ABL tem muito a contribuir nesse debate civilizatório. E eu gostaria, aqui, efetivamente, de colaborar para o debate, em prol da cultura e da justiça”, disparou Gil.
A cadeira de número 20, ocupada a partir de agora por Gilberto Gil, tem como patrono o romancista Joaquim Manuel de Macedo, autor do clássico “A Moreninha”, e foi ocupada a partir de 1999 pelo jornalista Murilo Melo Filho, falecido em maio de 2020. O ícone da Tropicália disputou a vaga com o poeta Salgado Maranhão e o escritor Ricardo Daunt. O parceiro de Caetano Veloso era reconhecido como o mais cotado para a cadeira, e então aos 79 anos confirmou o favoritismo, numa votação realizada em 11 de novembro do ano passado.
FONTE: Revista Fórum - 08/04/2022 23h:42
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