quarta-feira, 7 de setembro de 2022

7 de setembro: Cerco judicial limita radicalismo de bolsonaristas

                                  O 7 de setembro não será como Bolsonaro queria -foto:O presidente ao lado do seu "conselheiro" Malafaia, como disse o o filho Flávio no Congresso.


Apoiadores do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), pretendem atender a seu chamado e encher as ruas das maiores cidades brasileiras neste feriado da Independência. Críticas ao sistema eleitoral e ao Poder Judiciário fazem parte da pauta dos militantes, mas os ataques abertos a autoridades e ameaças de ruptura democrática estão sendo evitados pelas lideranças conservadoras.

O tom adotado pelos influenciadores que promovem os atos indica que o país deve sediar manifestações menos radicalizadas do que as do ano passado, quando o próprio Bolsonaro ameaçou deixar de cumprir decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e foi obrigado a recuar nos dias seguintes, diante da repercussão ruim.

A luta pela liberdade de expressão e as críticas ao que os bolsonaristas consideram ativismo judiciário e abuso de autoridade devem ser as principais bandeiras dos atos, que foram marcados para cidades de todas as regiões, mas terão foco principalmente em Brasília e Rio de Janeiro, cidades onde Bolsonaro garantiu presença, e São Paulo, onde seus apoiadores vão se reunir na Avenida Paulista.

Motivos para a mudança de tom

Aliados de Bolsonaro da ala política têm insistido com o presidente para evitar a radicalização com o argumento de que o tom raivoso tira votos em um momento no qual o candidato, estacionado no segundo lugar nas pesquisas, precisa deles. Na ala ideológica de militantes, nem todos concordam com essa tese, mas a capacidade de mobilização desse grupo foi fortemente afetada pelo cerco judicial que se formou como resposta às ameaças golpistas do presidente e de apoiadores radicalizados.

Neste ano, não há nas redes convocações de tom golpista como as feitas pelo caminhoneiro Zé Trovão e pelo cantor Sergio Reis em 2021. Ambos, aliás, seguem enrolados na Justiça, investigados em inquérito no STF por promover atos antidemocráticos. Trovão, que tenta uma vaga na Câmara dos Deputados, nem pode falar, pois teve suas redes sociais bloqueadas e cumpre prisão domiciliar, após ter chegado a fugir para o México para tentar escapar da Justiça brasileira.

Um bolsonarista radical que tem tido sucesso em fugir é o jornalista Allan dos Santos, fundador do extinto site Terça Livre, que tem ordem de prisão expedida pelo Supremo desde outubro de 2021, mas vive nos Estados Unidos. Falar, por outro lado, tem sido um desafio para Santos. Apesar de tentar burlar as decisões que bloquearam suas redes sociais criando outros perfis, o militante perdeu visibilidade e hoje já não consegue se comunicar com grandes audiências.

Além das ações do STF, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contribuiu para o cerco aos radicais ao desmonetizar dezenas de canais em sites como YouTube e Instagram sob a acusação de propagação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e até o Tribunal de Contas da União (TCU) tem investigação aberta para apurar possível uso de recursos públicos na convocação, divulgação e organização das manifestações com pautas antidemocráticas.

Fonte:Metropoles - 07/09/2022

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